Advogados aconselham Trump a não depor sobre Rússia, diz 'NYT' 

Equipe jurídica teme que presidente cometa perjúrio caso fale com procurador

Washington | Reuters

A equipe de advogados do presidente americano Donald  Trump o aconselhou a recusar um convite para depor ao procurador especial que investiga uma possível ligação entre a Rússia e a sua campanha presidencial para influenciar o resultado da eleição de 2016. 

Segundo o jornal "New York Times", que divulgou a notícia na segunda (5), a equipe jurídica teme que Trump faça declarações falsas ou se contradiga durante a entrevista, o que poderia motivar uma acusação de perjúrio contra o presidente. 

A posição dos advogados, porém, contradiz o próprio Trump, que disse em janeiro que estava disposto a conversar sob juramento com o procurador especial Robert Mueller. "Eu estou ansioso por isso, na verdade", afirmou ele na ocasião.  

O presidente americano Donald Trump durante duscurso em uma fábrica em Blue Ash, Estado de Ohio
O presidente americano Donald Trump durante duscurso em uma fábrica em Blue Ash, Estado de Ohio - Jonathan Ernst/Reuters

A publicação americana afirma que os advogados John Dowd e Jay Sekulow, que lideram a equipe jurídica de Trump, defendem que o presidente recuse o convite para depor. 

Marc Kasowitz, advogado pessoal de Trump, também é contra o depoimento. Já Ty  Cobb, contratado em julho pela Casa Branca para cuidar do caso envolvendo os russos, defende a cooperação com o procurador, diz o jornal. 

Caso Trump não aceite o convite para uma entrevista, Mueller pode intimá-lo a comparecer a um tribunal para testemunhar, o que poderia dar início a uma guerra jurídica entre o procurador e a Casa Branca. 

A equipe jurídica acredita que pode vencer o caso e derrotar Mueller, em especial se a disputa for decidida na Suprema Corte. 

De acordo com a agência de notícias Reuters, o presidente ainda não decidiu se irá concordar com uma conversa. Ele nega qualquer envolvimento com a interferência russa.

Democratas

Também nesta segunda, a Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou de forma unânime a divulgação de um documento confidencial feito pelos democratas que refuta um memorando republicano que alega que o FBI é tendencioso em relação a Trump.

Como resultado da votação, o memorando democrata de 10 páginas foi enviado à Casa Branca. Trump tem até sexta-feira (9) para decidir se permite ou não sua divulgação.

O memorando republicano acusa autoridades graduadas do FBI e do Departamento de Estado de não revelarem que trechos de um dossiê usado para obter um mandado secreto do Tribunal de Vigilância de Inteligência Externa para espionar Carter Page, ex-assessor de campanha de Trump, foram pagos em parte por democratas.

Na última sexta (2), Trump liberou a divulgação do memorando republicano, apesar dos pedidos do FBI para que o documento se mantivesse secreto, após a comissão dos deputados —que tem maioria republicana— ter liberado a publicação.

Na ocasião, os deputados bloquearam a divulgação do memorando feito pelos democratas, mas mudaram de ideia nesta segunda e autorizaram sua divulgação. 

Os democratas afirmam que o memorando republicano visou minar a investigação criminal Mueller e que Trump pode tentar usar o documento para justificar a demissão do procurador.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na segunda-feira mostrou que quase três de cada quatro republicanos acreditam que o FBI e o Departamento de Estado estão tentando minar Trump, uma mudança radical em um partido que historicamente tem apoiado as forças de segurança.

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