Descrição de chapéu Binyamin Netanyahu israel

Aliado de Netanyahu é acusado de tráfico de influência

Juíza recebeu oferta de cargo para parar investigação contra mulher do premiê 

São Paulo e Jerusalém | Reuters e Associated Press

Um aliado do primeiro-ministro israelense, Binyamin​ Netanhyahu, foi preso acusado de ter feito tráfico de influência ao oferecer o cargo de procurador-geral a uma juíza aposentada para que ela interrompesse uma investigação contra a mulher do premiê. 

Nir Hefetz, que foi porta-voz pessoal de Netanhyahu, foi detido no domingo (18) em uma operação contra corrupção que também atingiu um antigo nome do governo e um empresário próximo ao premiê —todos estão atualmente em prisão domiciliar. 

Os nomes dos envolvidos e as acusações só foram divulgados nesta terça (20). 

O premiê israelense Binyamin Netanyahu (centro) e sua mulher durante cerimônia em um hospital na cidade de Ashkelon
O premiê israelense Binyamin Netanyahu (centro) e sua mulher durante cerimônia em um hospital na cidade de Ashkelon - Amir Cohen/Reuters

As novas denúncias complicam ainda mais a vida do premiê, que enfrenta ele mesmo acusações de corrupção. Na última terça (13), a polícia recomendou que Netanyahu fosse indiciado por dois casos, um no qual teria recebido presentes de um bilionário e outro em que é suspeito de ter interferido em um jornal local em troca de apoio. 

A informação sobre Hefetz foi divulgada pelo jornal local "Maariv" e depois confirmada pelo polícia israelense.

Em 2015, Sara Netanhyahu, mulher do primeiro-ministro, estava sendo investigada por ter gasto o equivalente a R$ 330 mil para a realização de um bufê na residência oficial. 

Hefetz teria oferecido então a juíza Hila Gerstel o cargo de procuradora-geral, desde que aceitasse interromper a investigação. O consultor Eli Kamir teria sido encarregado de fazer a proposta a ela.

Segundo o "Mariv", Gerstel teria ficado surpresa com a ideia e, com isso, deixou a disputa pelo cargo. Ela foi ouvida no domingo na condição de testemunha e não é investigada.

No fim, o cargo acabou indo para Avichai Mendelblit, que já tinha feito parte do gabinete do premiê. 

Em setembro de 2017, Mendelblit anunciou que tinha decidido indiciar Sara Netanhyahu pelo caso —ela é acusada de fraude e de quebra de confiança por excesso de gastos do dinheiro público.

Nesta terça ele afirmou que durante o processo em que foi escolhido procurador-geral não recebeu nenhuma proposta semelhante a feita para Gerstel. 

Netanhyahu, que já disse ser alvo de uma "caça às bruxas", defendeu seu aliado nesta terça. 

"Nir Hefetz nunca apresentou essa oferta maluca ao primeiro-ministro e sua mulher, nunca foi sugerido por eles fazer esta oferta e não podemos nem imaginar que Hefetz tenha tido uma ideia destas", disse o premiê.

Prisões

Além do caso de tráfico de influência envolvendo a juíza, Hefetz foi detido também por sua participação em uma outra ação, que investiga benefícios concedidos para um empresário amigo de Netanyahu. 

Shaul Elovitch, controlador da empresa de telecomunicação Bezeq, teria aceitado fazer uma cobertura favorável ao premiê em seu canal de TV e no site Walla!, um dos mais populares do país, em troca da aprovação de uma série de medidas que beneficiariam seu conglomerado. 

Por isso, a polícia prendeu no domingo Elovitch, sua mulher, seu filho e outros executivos do grupo. Também foi detido Shlomo Filber, ex-diretor do Ministério da Comunicações , que teria ajudado no caso —a pasta era comandada pelo próprio Netanyahu até o ano passado. 

O empresário e sua família negam as acusações, assim como o primeiro-ministro, que afirmou que "nunca houve nenhuma compensação ou ato ilegal na interação com Elovitch."  

Até o momento o primeiro-ministro não é investigado por nenhum dos casos, segundo a polícia, mas pode ser interrogado em breve sobre eles. 

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