Anúncio de Maduro em língua de sinais gera memes e irritação 

Peça havia gerado expectativa nos venezuelanos, que esperavam medidas econômicas

Caracas | AFP

"Temos uma surpresa para vocês, fiquem atentos". O anúncio de Nicolás Maduro gerou grande expectativa na Venezuela em meio à precariedade econômica, mas tudo acabou sendo uma propaganda do ditador em língua venezuelana de sinais que provocou irritação e piadas, mas também aplausos.

"Queremos paz! Queremos uma Venezuela para todos!", diz Maduro no vídeo de pouco mais de um minuto divulgado na noite de domingo (18), um dia depois de sua enigmática mensagem no Twitter.

A propaganda, da qual participam os colaboradores mais próximos de Maduro, mostra um presidente afável, que sua esposa, Cilia Flores, define como um "grande líder", e foi vinculada a sua campanha pela reeleição.

A peça gerou uma onda de reações nas redes sociais, entre elas a de uma jovem aparentemente surda que gravou sua resposta em vídeo.

"Presidente Maduro: a comunidade surda quer te dizer que estamos cansados de mentiras, de tanta repressão, de tanta fome. Temos apenas um sinal para você", expressou a mulher antes de levantar seu dedo médio.

Vários dirigentes opositores também criticaram o reclame publicitário. "Maduro e sua equipe aprenderam a dizer palavras na língua de sinais, mas não dizem que amam o povo, e sim que zombam dele", opinou no Twitter a deputada Delsa  Solórzano.

Além de muitos memes, seguidores e adversários do governo manifestaram sua frustração porque esperavam anúncios para resolver a aguda escassez de alimentos e remédios, além da hiperinflação.

"O país não está [com clima] para essas mensagens. Queremos mais ação, a hiperinflação está nos afundando", tuitou Luis  Martínez.

Entretanto, para a usuária do Facebook Liasne Ravelo, a propaganda é para que "os surdos da oposição entendam na linguagem de sinais que queremos paz".

Como ferramenta publicitária, "o spot é bem feito, tem uma mensagem válida e interessante", disse à AFP o especialista em comunicação Andrés Cañizalez.

Mas o problema, destacou, "foi a expectativa que gerou, pois o país estava esperando anúncios econômicos; por isso, causou decepção. Além disso, interrompeu o horário nobre dos domingos, esse espaço íntimo, causando desgaste".

As eleições presidenciais, que deveriam ser realizadas em dezembro, foram antecipadas para 22 de abril por decisão da governista Assembleia Constituinte.

Veja a seguir algumas reações provocadas pelo vídeo.

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