O fuzil automático AR-15 usado pelo adolescente que matou 17 pessoas numa escola na Flórida, nesta quarta (14), foi comprado legalmente pelo próprio atirador, cerca de um ano atrás, informou o FBI.
A arma foi adquirida numa loja de Coral Springs, cidade vizinha a Parkland, onde ocorreu o massacre numa região no sul da Flórida, com forte presença de imigrantes brasileiros.
Nikolas Cruz, 19, já tinha idade suficiente para comprar a arma. No Estado da Flórida, qualquer pessoa maior de 18 anos pode adquirir um revólver ou um fuzil semiautomático. Para comprar bebidas, a idade limite é 21 em todo o país.
A loja Sunrise Tactical Supply, onde Cruz fez a compra, vende pistolas e fuzis até pela internet. No site da empresa, que opera legalmente, é possível encontrar ofertas de pistolas e munições a partir de US$ 249 (cerca de R$ 800), incluindo a taxa de entrega.
O slogan do estabelecimento é: "Não deixe o que é importante ficar desprotegido." A Folha não conseguiu contato com os donos da loja nesta quinta (15).
SAÚDE MENTAL VS. CONTROLE DE ARMAS
O presidente Donald Trump e o governador da Flórida, Rick Scott, ambos republicanos, afirmaram que pretendem atacar o problema da saúde mental para evitar novos tiroteios em escolas americanas.
Cruz, que apresentava comportamento agressivo e havia sido expulso da escola em que ocorreu o massacre, chegou a receber tratamento psiquiátrico, mas deixara de frequentar a clínica há cerca de um ano. Os motivos do ataque ainda não foram esclarecidos.
Os políticos, porém, não mencionaram o controle de armas. O debate sobre medidas mais restritivas à compra e posse de armamento é retomado em protestos a cada massacre nos EUA.
"Acima de tudo, pessoas que têm problemas mentais jamais deveriam ter acesso a uma arma", afirmou Scott. O governador já foi descrito pela NRA (Associação Nacional do Rifle, na sigla em inglês) como quem "mais assinou leis pró-armas na Flórida". A NRA é o maior lobby pró-armas nos Estados Unidos, e uma grande doadora de campanha.
Em entrevista à CNN, o governador foi questionado sobre o controle de armas, e se faria algo para alterar as leis locais.
"Eu vou fazer tudo o que for possível para proteger as nossas crianças", afirmou Scott, sem mencionar especificamente as leis.
O político argumentou que o problema dos tiroteios em massa não diz respeito apenas ao controle de armas, mas a várias questões, e que todas precisam ser contempladas pelo governo, como segurança nas escolas e o oferecimento de cuidados de saúde mental aos alunos.
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