Chefe militar venezuelano chama frase de Tillerson de deplorável

Ministro afirma que sugestão de golpe contra Maduro é 'vil ato de interferência' 

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Reuters e AFP

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, chamou de ultrajantes as declarações do secretário de Estado americano, Rex Tillerson, que sugeriu a possibilidade de um golpe militar para solucionar a crise.

Ao lado de oficiais do Exército e da Marinha, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, fala em entrevista coletiva em Caracas nesta sexta (2)
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, dá entrevista coletiva em Caracas nesta sexta (2) - Marco Bello/REUTERS

Em discurso em Austin na quinta, Tillerson disse que o mais fácil seria que Nicolás Maduro deixasse o comando do país caribenho, e que isso acontecerá em breve, mas que os EUA prefeririam que isso se desse de forma pacífica.

"Na história da Venezuela e dos países sul-americanos, às vezes os militares são o agente da mudança quando as coisas estão tão ruins e a liderança não serve ao povo. Se esse é o caso aqui, eu não sei."

Responsável pelas Forças Armadas, Padrino López reiterou as acusações feitas pelo chavismo desde 2013, quando Maduro assumiu, de que os EUA desejam fazer uma intervenção militar para derrubar o mandatário.

"As Forças Armadas rejeitam radicalmente essas declarações deploráveis que são um vil ato de interferência", disse. "Quando você convida as Forças Armadas a derrubar um governo, você mostra uma falta de respeito."

Ele ainda criticou o americano, mencionando os rumores sobre os desentendimentos do secretário com o presidente Donald Trump e sobre a intenção do republicano de demiti-lo.

"Esse senhor que está praticamente no fim de sua carreira política, de seu estágio na Casa Branca, considerando seus desacertos e as críticas que fazem por sua precária atuação como secretário de Estado."

Em sua frase, o secretário aludiu aos golpes militares entre as décadas de 1960 e 1980 na América do Sul, em países como Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, que tiveram o apoio do governo americano.

No caso venezuelano, porém, ele não citou provas de que isso poderia acontecer. Os militares venezuelanos se mantêm como aliados de Maduro desde o início da crise, apesar das sanções dos EUA e da União Europeia.

Mesmo com o desabastecimento e a queda do preço do petróleo, o orçamento das forças não diminuiu e militares controlam 15 dos 32 ministérios, a petroleira estatal PDVSA e os programas de distribuição de alimentos.

No ano passado, a oposição chegou a pedir, em vão, o apoio das Forças Armadas para forçar a saída de Maduro. O ditador respondeu às tropas com mais recursos e poder dentro do regime e nos governos estaduais.

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