Coreias devem negociar paz entre si, diz embaixador de Pyongyang

Para diplomata, Seul 'está forçada a escutar' EUA e Japão, que 'impedem diálogo'

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Líderes de torcida da delegação da Coreia do Norte chegam ao hotel em Inje, na Coreia do Sul, antes dos Jogos Olímpicos de Inverno
Líderes de torcida da delegação da Coreia do Norte chegam ao hotel em Inje, na Coreia do Sul, antes dos Jogos Olímpicos de Inverno - Yonhap/Reuters
Brasília

"Acho que a relação entre as Coreias pode ser resolvida se os sul-coreanos tomarem as suas próprias decisões." Essa é a avaliação do embaixador da Coreia do Norte no Brasil, Kim Chol-hak.

Para o diplomata, Seul "está forçada a escutar os americanos e os japoneses". "As forças conservadoras da Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Japão não gostam da ideia de uma reconciliação das Coreias", afirma.

Ele lembra o trecho do discurso de Ano-Novo em que o ditador Kim Jong-un disse que "o assunto das Coreias deve ser resolvido entre os coreanos". No entender do embaixador, "as forças estrangeiras não deveriam interferir" na península Coreana —o oposto do que defende seu homólogo sul-coreano, Lee Jeong-gwan.

"Em outros anos", observa ele, "tivemos ocasiões em que as relações entre as Coreias melhoraram, mas os americanos sempre impediram a reconciliação".

Kim falou à Folha na Embaixada da Coreia do Norte em Brasília, na terça (6), durante evento que celebrou o 76º aniversário de nascimento de Kim  Jong-il (1941-2011) —líder do país entre 1994 e 2011, ele é pai de Kim  Jong-un.

 

Às vésperas da abertura da Olimpíada de Inverno, que começa nesta sexta (9) na sul-coreana Pyeongchang, o diplomata afirma que "foi uma grande decisão do nosso governo enviar uma comitiva". "Nosso povo sempre espera a paz", disse ele, em Brasília há dois anos e meio.

Ao fim de negociações transcorridas em janeiro, Seul e Pyongyang concordaram em desfilar juntas —sob a bandeira da Coreia unificada— nas cerimônias de abertura e de encerramento dos Jogos de Inverno. Também acertaram a formação de um time de hóquei no gelo feminino com atletas dos dois países.

O evento esportivo levou a um esfriamento na tensão que dominou o ano passado na península Coreana. O governo sul-coreano anunciou nesta quarta (7) que Kim Yo-jong, irmã de Kim Jong-un, integrará a comitiva que irá à Olimpíada —é a primeira vez desde 1953 que um membro do clã norte-coreano visitará o Sul.

OTIMISMO

Discursos otimistas sobre uma reunificação das Coreias e elogios ao regime de Kim Jong-un deram o tom do evento na embaixada em Brasília, onde foram servidos pratos típicos coreanos.

Entre os presentes estavam o senador Fernando Collor (PTC-AL), membros de partidos de esquerda e diplomatas de países como Síria, Vietnã, Tailândia e Cuba.

O Brasil mantém relações diplomáticas com a Coreia do Norte desde 2001 e é o único país das Américas a ter embaixadas tanto em Seul quanto em Pyongyang.

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