Descrição de chapéu refugiados

Enfraquecida, Merkel oferece vaga a rival em seu gabinete

Crítico da política imigratória da chanceler, Jens Spahn  será ministro da Saúde

REUTERS

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou neste domingo (25) que incluirá no gabinete de coalizão Jens Spahn, o mais proeminente crítico a ela dentro de seu próprio partido, a CDU (União Democrata-Cristã). 

Merkel convocou para o ministério seis nomes de sua sigla e os classificou coletivamente como uma “equipe jovem e dinâmica”. Spahn assumirá a pasta da Saúde.
 

Jens Spahn, político da CDU (União Democrata-Cristã), durante encontro de seu partido em Berlim
Jens Spahn, político da CDU (União Democrata-Cristã), durante encontro de seu partido em Berlim - AFP

“Era minha tarefa apresentar um quadro de pessoas orientadas para o futuro e que ofereçam uma boa mistura de experiência e novos rostos”, afirmou Merkel, destacando que é a única pessoa com mais de 60 anos na equipe (tem 63). “Isso não é fácil.”

Spahn é um destacado nome da corrente mais à direita da CDU, enquanto Merkel lidera a ala mais moderada. 

Nos últimos anos, ele tem tecido críticas reiteradas à política de imigração adotada pela chanceler.
 

Em 2016, integrou ala de seu partido que se manifestou contra a permissão de que  filhos de imigrantes obtivessem cidadania alemã. 

O político de 37 anos era vice-ministro das Finanças desde 2015 —antes disso, despontara como um dos especialistas do partido em saúde. 

Declaradamente gay, Spahn apoiou no ano passado a instituição do casamento de pessoas do mesmo sexo, mas adota posicionamento conservador em outros temas.

É descrito pela imprensa como um nome ambicioso, que não esconde a intenção de chegar ao topo do governo.

Merkel disse acreditar numa colaboração frutífera com Spahn e não ver problemas no fato de ele ser um contumaz crítico de sua gestão.

A nomeação, no entanto, é mais um sinal de que a posição da chanceler se enfraqueceu desde as eleições nacionais de setembro do ano passado, quando conquistou seu quarto mandato, mas seu partido obteve oito pontos a menos do que no pleito anterior, realizado em 2013.

Merkel prometeu promover novos nomes a seu gabinete depois de chegar a um acordo de coalizão com o SPD (Partido Social-Democrata) apenas no começo de fevereiro —depois de uma tentativa frustrada de acerto com os Verdes e os liberais do FDP.

A negociação deu aos sociais-democratas o controle do Ministério das Finanças, o que desagradou a membros do partido dela.

Um encontro será realizado nesta segunda (26) para assinar o acordo. Há ainda uma última etapa para firmar a parceria: a aprovação dos mais de 460 mil membros do SPD, que votam por correio nas próximas semanas. O resultado deve sair em 4 de março.

Se receber o aval, o novo governo pode ser inaugurado até abril. Uma rejeição do acordo deixaria a gestão Merkel ainda mais manca.

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