Ex-chavista anuncia candidatura oposicionista na Venezuela

O líder opositor venezuelano Henri Falcón, candidato à Presidência, encontra jornalistas internacionais em Caracas
O líder opositor venezuelano Henri Falcón, candidato à Presidência, encontra jornalistas internacionais em Caracas - Marco Bello - 20.fev.2018/Reuters
Caracas e São Paulo | AFP e Reuters

O dirigente opositor venezuelano Henri Falcón, 56, apresentou nesta terça-feira (26) sua candidatura à Presidência, contrariando o consenso com seus aliados da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) de boicotar o pleito de 22 de abril, em que Nicolás Maduro busca se reeleger.
 

Falcón entregou a ficha de inscrição à presidente do Conselho Nacional  Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, na sede do órgão em Caracas. 

 
Junto com ele estavam representantes de seu partido, Avanço Progressista (centro-esquerda), e das siglas aliadas Movimento ao Socialismo (esquerda) e o tradicional Comitê de Organização Política Eleitoral Independente (Copei, centro-direita).

O oposicionista não havia se pronunciado sobre a candidatura até a conclusão desta edição. Na última quinta (22), ele havia dito que avaliava o cenário “para tomar uma decisão que corresponda à expectativa de um povo que quer uma mudança”.

Governador do Estado de Lara entre 2008 e 2017, Henri Falcón é militar da reserva e foi chavista até 2010, quando, em carta aberta, criticou o presidente Hugo Chávez (1954-2013) e o Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) pela centralização excessiva de suas decisões.

Dois anos depois, fundou o Avanço Progressista e juntou-se à MUD, sendo o chefe de campanha de Henrique Capriles à Presidência em 2012 contra Chávez. Depois, continuou no governo de Lara até ser derrotado pela chavista Carmen Meléndez nas eleições de outubro.

Apesar de crítico ao chavismo, Falcón adotou nos últimos anos tom mais ameno em relação a Maduro que Capriles e outros colegas da sigla, inclusive durante as manifestações contra o mandatário entre abril e julho.

Sua orientação à esquerda em relação aos três principais partidos da MUD —Ação Democrática (centro), Primeiro Justiça (centro-direita) e Vontade Popular (direita)— o colocavam como candidato improvável para a eleição, apesar das cassações dos pré-candidatos das três siglas.

Diante da incerteza sobre a lisura da votação, porém, a MUD decidiu na quinta (22) pelo boicote. A frente disse que poderia repensar a recusa em participar se o regime alterasse a data da votação e oferecesse condições para equilibrar a disputa.

O subsecretário da Ação Democrática, Negal Morales,  lamentou a decisão de Falcón e disse que ele deveria ter respeitado a decisão da frente. “O povo não acredita em candidatos individualmente inscritos. Só acreditaria em uma candidatura da Unidade.”

MADURO

Horas antes da chegada de Falcón ao CNE, foi a vez de Maduro se inscrever, acompanhado de milhares de militantes aliados.

Ao sair do prédio, o ditador criticou seus adversários e disse que as condições eleitorais são as mesmas discutidas com a oposição nas negociações na República Dominicana.

“Se eles não inscrevem [suas candidaturas] por ordem dos Estados Unidos, é porque sabem que não ganham a eleição presidencial de Nicolás Maduro e do povo da Venezuela de jeito nenhum.”

Quando ao ex-correligionário, o mandatário disse desejar que eles se enfrentem em um debate “para que eu defenda a verdade do povo”.

Além de Falcón e Maduro, já apresentaram candidatura à Presidência o pastor evangélico Javier Bertucci e o engenheiro Reinaldo Quijada. Esta terça foi o último dia de inscrição de postulantes.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.