Suspeito de ataque era racista e amava armas, dizem colegas

Indiciado por matar 17 pessoas, Nikolas Cruz foi expulso da escola que atacou

São Paulo, Washington e Parkland (EUA) | Reuters e Associated Press

O suspeito de ter matado 17 pessoas em um massacre em uma escola na Flórida na quarta (14) é um adolescente que foi expulso da escola por problemas disciplinares, era integrante de um grupo racista e costumava usar as redes sociais para mostrar seu apreço por armas, disseram ex-colegas e investigadores que cuidam do caso.

Nikolas Cruz, 19, foi preso cerca de uma hora depois de uma série de disparos na escola Marjory  Stoneman Douglas, na cidade de Parkland, disse Scott Israel, xerife do condado de Broward. Ele foi encontrado com cartuchos de munição e um fuzil estilo AR-15. Na manhã desta quinta (15), ele foi indiciado por 17 crimes de homicídio premeditado. Ainda não se sabe quais foram os motivos do ataque.

A arma que usou no massacre foi comprada de forma legal, segundo a polícia embora Cruz tivesse passado por tratamento psiquiátrico recentemente. Ele abandonou a clínica há cerca de um ano, informaram autoridades. 

Recentemente, Williams disse ter visto Cruz com várias revistas sobre armas quando os dois se cruzaram na escola —ele disse que o suspeito estava no local para buscar um irmão mais novo.

"Ele era louco por armas", disse Williams à agência de notícias Reuters . "Ele era meio deslocado. Não tinha muitos amigos. Ele fazia qualquer loucura para se divertir, mas era problemático".

Para Jillian Davis, 19 , que fez parte da Corporação Juvenil de Treinamento de Oficiais da Reserva com Cruz no início do ensino médio, o suspeito era um jovem discreto e calado, mas que mudava de personalidade quando ficava irritado. Ele falava muito sobre armas e facas, mas ninguém o levava a sério, disse ela à Reuters.

"Eu diria que ele não era o garoto mais normal na corporação. Com certeza havia algo errado com ele. Ele era um pouco esquisito demais", disse ela , que se formou no ano passado.

Já Dakota Mutchler, 17, disse que costumava ser amigo de Cruz, mas que os dois se distanciaram após a expulsão e não se viam há mais de um ano. "Ele passou a ficar cada vez mais estranho", afirmou para a Associated  Press. "Começou a perseguir uma amiga minha e a ameaçá-la, então eu me afastei." 

Segundo ele, Cruz postou em suas redes sociais comentários sobre matar animais e chegou a dizer que treinava em seu quintal com uma arma de ar comprimido. "Eu acho que todos tinham na cabeça que se tinha alguém que poderia fazer uma coisa dessas [um massacre], era ele", disse Mutchler.  

O prefeito do condado de Broward, onde ocorreu o massacre, Beam Furr, disse à rede de TV CNN que Cruz chegou a receber tratamento em uma clínica para tratamento psiquiátrico, mas que deixou de frequentar o local há mais de um ano. "Não é como se não houvesse preocupação com ele", disse Furr. 

O xerife Israel disse que a polícia está investigando as postagens de Cruz, mas não quis entrar em detalhes. "Já começamos a dissecar seus sites e as coisas nas redes sociais em que ele estava, e algumas das coisas que surgiram são muito, muito perturbadoras", disse. As contas dele nas redes sociais já foram apagadas. 

HISTÓRICO

Adotado ainda pequeno com o irmão biológico, Cruz perdeu a mãe há três meses, morta após contrair uma pneumonia. Lynda Cruz criara as crianças praticamente sozinha, depois que o marido morreu há 13 anos. Atualmente, ele e o irmão estavam sob os cuidados de amigos da família.

"Ninguém percebeu que havia algo errado, que sugerisse violência. Eles estão tão surpresos quanto qualquer outro", afirmou ao "Washington Post" o advogado Jim Lewis, que representa a família. "Ele só estava um pouco deprimido, mas parecia estar trabalhando nisso."

Segundo Lewis, o rifle do tipo AR-15 foi comprado pelo próprio adolescente, e ficava guardado em um armário trancado à chave, na casa da família com que ele morava. Cruz tinha a chave, mas, segundo os familiares, não havia sido visto com a arma nos últimos três meses.

O prefeito do condado de Broward, onde ocorreu o massacre, Beam  Furr, disse à rede de TV CNN que Cruz chegou a receber tratamento em uma clínica psiquiátrica, mas que deixou de frequentar o local há mais de um ano. "Não é como se não houvesse preocupação com ele", disse Furr. "Mas infelizmente nós não conseguimos achar um jeito de nos conectar com esse garoto."

Amigos de Cruz afirmaram ao "Miami Herald" que ele falava pouco da família. Roger e Lynda Cruz eram de Nova York e se mudaram para Parkland com os filhos, no início dos anos 2000.

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