Descrição de chapéu cachorro

Jornal registra cachorro para votar em partido na Alemanha

SPD afirmou que a cadela Lima não poderá votar sobre coalizão com Merkel

Diogo Bercito
Madri

Uma cadela de três anos chamada Lima — boquiaberta e vestida para o frio com um cachecol vermelho— pode ajudar a decidir se a Alemanha terá um novo governo, afirma o tabloide "Bild".

Essa publicação registrou a desavisada cachorra para votar por correio em uma consulta entre os militantes do SPD (Partido Social-Democrata), que decidem nas próximas semanas se aprovam uma coalizão com a CDU (União Cristã-Democrata) da chanceler Angela Merkel e a CSU (União Cristã-Social). O país pode ter de voltar às urnas se não houver nenhum acordo.

A cédula de votação que foi enviada para todos os filiados do SPD sobre a coalizão com Merkel
A cédula de votação que foi enviada para todos os filiados do SPD sobre a coalizão com Merkel - Fabrizio Bensch/Reuters

A cachorra Lima chegou inclusive a receber as cédulas para votar, além de panfletos das diversas facções dentro do partido. Sua idade aparece na ficha como 21 anos, a partir do cálculo de conversão entre anos caninos e anos humanos.

O "Bild" não ressalta, porém, que apesar de o animal ter sido cadastrado com sucesso como militante terá de enviar um documento autenticado com seu voto -- ou seja, sua canina opinião sobre a aliança entre os partidos não valerá para nada.

"Não é sobre a cachorra Lima, mas sobre como nós do 'Bild' provamos quão propenso à falsificação é o voto dos membros do SPD", um porta-voz do tabloide explicou à agência Reuters.

A história fez com que o SPD tenha sido forçado a ir a público para esclarecer, na terça-feira (20), que a cachorra não poderá participar da consulta, apesar de estar vestida com a cor do partido.

"Um cão não pode votar," disse Andrea Nahles, que deve substituir Martin  Schulz na direção do partido social-democrata. O SPD indicou que pode acusar o "Bild" de falsificar a identidade e de divulgar informações falsas.

COALIZÃO

Alemães votaram em suas eleições em 24 de setembro, mas, como de costume nesse país, nenhum dos partidos teve votos o suficiente para governar sozinho.

A aliança entre CDU e CSU teve 32,9%, e o SPD, 20,5%. Os três partidos vinham governando na chamada grande coalizão, mas os social-democratas a princípio disseram não ter interesse em repetir o experimento —a parceria é uma das razões de seu resultado historicamente ruim, o pior desde a Segunda Guerra (1939-1945).

Como a CDU não conseguiu estabelecer uma aliança com outros partidos menores, voltou a negociar com o SPD. As saídas são governar em minoria, o que Merkel descarta, ou convocar novas eleições.

Um novo pleito, no entanto, poderia beneficiar o partido de direita ultranacionalista AfD (Alternativa para a Alemanha), que teve 12,6% dos votos em setembro.

Após meses de negociações, CDU e SPD concordaram em montar mais uma vez sua grande coalizão. A última etapa antes de o governo ser formado é que os militantes social-democratas deem seu aval por correio.

A consulta termina em 2 de março, decidindo ali o futuro de Merkel —há 12 anos no poder— e o governo da maior economia na União Europeia. O resultado está previsto para 4 de março, coincidindo com as eleições legislativas na Itália.

Como parte da militância social-democrata prefere estar na oposição, não está claro que resultado essa consulta terá. O SPD tem mais de 460 mil membros registrados, incluindo Lima.

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