Pastor evangélico Billy Graham morre aos 99 anos nos EUA

Filho de fazendeiros se tornou conselheiro espiritual de presidentes

Washington

O pastor americano Billy Graham, pregador evangélico e conselheiro espiritual de diversos presidentes, morreu nesta quarta (21), aos 99 anos.

Graham pregou para milhares de pessoas em estádios, no que chamava de cruzadas de fé, e foi pioneiro no uso de meios de comunicação como o rádio e a televisão, tornando-se mundialmente conhecido.

O reverendo morreu em casa, na Carolina do Norte. Nos últimos anos, segundo o jornal "The New York Times", ele vinha enfrentando diversas doenças, como mal de Parkinson, câncer de próstata e hidrocefalia.

Evangelizador e comunicador de talento, Graham também teve um importante papel político nos EUA: foi conselheiro espiritual de todos os presidentes americanos desde 1950, e era especialmente próximo de Richard Nixon, Ronald Reagan, Lyndon Johnson e George W. Bush. Johnson e Nixon chegaram a oferecer ao pastor um cargo no governo, o que ele recusou.

George W. Bush, em especial, atribuía ao reverendo sua conversão ao cristianismo. Dias após os atentados de 11 de Setembro, Graham participou de uma celebração ecumênica em que afirmou que o país estava envolvido em um novo tipo de guerra, e pediu a ajuda do Espírito de Deus.

"Hoje, podemos dizer aos que arquitetaram essa conspiração cruel e àqueles que a levaram a cabo, que o espírito dessa nação não será derrotado por seus esquemas tortuosos e diabólicos", afirmou Graham, na época.

Nos anos 1950, o reverendo também se notabilizou por pregar o fim da segregação racial nos Estados Unidos, e se aproximou de Martin  Luther King Jr, de quem se tornou amigo e com o qual aderiu à luta pelos direitos civis.

Em uma cruzada no Tennessee, em 1953, ele removeu pessoalmente cordões que separavam brancos de negros na plateia. Anos depois, no auge da luta pelos direitos civis, cancelou uma viagem à Europa em 1965 para realizar uma cruzada no Alabama, da qual participaram 100 mil pessoas.

"O cristianismo não é uma religião de homens brancos, e nunca deixe ninguém lhe dizer que é. Cristo pertence a todos, Ele faz parte do mundo todo", afirmou Graham, em uma pregação na época.

No mundo, Graham também se posicionou pelo fim do apartheid na África do Sul, e se recusou a fazer pregações com audiências segregadas. No Reino Unido, onde fez algumas de suas cruzadas mais populares, se tornou próximo da rainha Elizabeth 2ª, a quem descreveu como uma das pessoas mais bem informadas que conhecera e com muito interesse pela Bíblia e por sua mensagem.

PREGADOR

Nascido em 7 de novembro de 1918, filho de um fazendeiro do estado da Carolina do Norte, Graham se converteu ao cristianismo aos 15 anos. Aos 21, foi ordenado pastor numa igreja batista da Flórida.

Com talentos de comunicador, Graham atraiu milhares a suas pregações: mais precisamente, 215 milhões de pessoas, segundo a Associação Evangelística Billy Graham, em eventos em 185 países inclusive no Brasil.

As famosas cruzadas do reverendo eram organizadas em estádios, parques, igrejas ou mesmo em grandes avenidas, e duravam em geral três semanas mas muitas se prolongavam por até 16 semanas, como uma realizada na Madison Square, em Nova York, em 1957.

Milhares de pessoas se converteram ao cristianismo durante esses eventos, que se estendiam durante a madrugada e eram eventualmente transmitidos pela televisão.

Nos últimos anos de sua vida, Graham fundou uma nova estratégia evangelizadora, Minha Esperança, em que cristãos são convocados para orarem com suas famílias, amigos e vizinhos, com o auxílio de mensagens em vídeo gravadas pelo reverendo.

Viúvo desde 2007, o pastor morava em uma casa nas montanhas, no interior da Carolina do Norte, estado onde nasceu.

 
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