Saiba quem são as vítimas do ataque a tiros na escola na Flórida

Nikolas Cruz matou alunos e professores ao invadir o Marjory Stoneman Douglas

The New York Times

Os disparos ecoavam pela escola, e um professor de geografia, Scott Beigel, 35, parou para apressar os retardatários, colocando-os para dentro de sua sala de aula e trancando a porta; o professor foi morto a tiros pelo atirador logo em seguida.

Jennifer Zeif, mãe de um aluno, atribui a Scott o crédito por salvar a vida de seu filho. Matthew, 14, o filho de Zeif, foi o último aluno a entrar na classe, pouco antes de Beigel.

Segundos mais tarde, a sala se encheu de fumaça, conta Matthew, e quando ele se voltou para a porta viu o professor caído, pálido e sangrando.

"Beigel poderia ter entrado na sala primeiro e deixado Matthew para trás", disse Zeif. "E nesse caso seria Matthew que estaria na porta".

Aaron Feis, um treinador de futebol americano muito querido que também foi morto, tentou proteger os alunos, disseram as autoridades. "Esse é o tipo de pessoa que ele era", disse Jack Fris, que jogou futebol americano na escola de ensino médio Marjory Stoneman Douglas.

Amigos dizem que não foi surpresa que Beigel, figura muito amada no acampamento de verão no qual passava as férias, e depois ajudou a dirigir, na Pensilvânia, tivesse colocado a segurança dos alunos acima da sua.

"Milhares de pessoas no Camp  Starlight admiravam Scott", disse o enfermeiro Grant Williams, 33, que trabalhou com Beigel no acampamento por diversos verões e, como outros dos conselheiros e visitantes do acampamento, estava lamentando a perda do amigo na quinta-feira.

"Ele era o tipo de pessoa que você se esforçava por imitar", disse outro dos conselheiros do Starlight.

Na escola de segundo grau da Flórida, as vítimas incluíram professores e alunos. Entre eles há uma jogadora de futebol, um aluno apelidado Guac e um trombonista na fanfarra. Oito das vítimas eram meninas e mulheres, e nove garotos e homens, com idades entre os 14 e os 49 anos.

Abaixo, algumas de suas suas histórias:

 

Alyssa Alhadeff

Jogava futebol desde os três anos de idade. Como qualquer atleta, ela tinha seus altos e baixos. Mas quando seu time, o Parkland, enfrentou os adversários de Coral Springs, no dia 13, ela se saiu muito bem.

A menina era extrovertida e tinha muitos amigos. Ficou em primeiro lugar em um torneio de debates, estava estudando o segundo módulo de álgebra e o terceiro de espanhol. O placar daquele que seria seu último jogo de futebol foi um a zero para Parkland.

"Fiquei muito orgulhosa dela", disse sua mãe, Lori. "Disse que aquela tinha sido a melhor partida de sua vida".

Martin Duque Anguiano

Estava no primeiro ano e era "um menino muito divertido, comunicativo, mas às vezes bem calado", escreveu seu irmão, Miguel Duque.

"Ele era terno, carinhoso e amado por todos na família", escreveu Miguel. "Acima de tudo, ele era meu irmão caçula".

Nicholas Dworet

Nadador promissor, visitou a Universidade de Indianápolis, onde pensava em se matricular, semanas atrás. Ao final de um jantar coletivo, chamou o treinador, Jason Hite, e disse que queria competir pela universidade depois de se formar, em junho.

"Ele se tornou parte instantânea de nossa família", afirmou Jason  Hite, a quem Nicholas manifestou o plano de cursar fisioterapia.

Dirigentes da universidade e de sua equipe de natação da Flórida disseram que ele estava "em um grande momento de ascensão" em sua vida.

"A coisa mais triste para mim é quanta vida esse menino tinha diante dele, e o quanto ele trabalhou para mudar de direção, mudar de rumo", disse Hite. 

Aaron Feis

Treinador assistente de futebol americano e monitor de segurança, também estudou lá, jogou futebol americano pela escola e sabia exatamente o que era ser aluno de lá.

Por isso, era conhecido como um sujeito que tentava ajudar os alunos que enfrentavam problemas, os alunos que não tinham figuras paternas em casa. "Diziam que ele era como um pai", disse Raymond, o avô de Feis. "Ele fazia tudo que podia para ajudar qualquer pessoa que precisasse".

Dirigentes da escola dizem que na quarta-feira Aaron Feis fez exatamente isso. Quando surgiram sinais de problemas, ele respondeu imediatamente, tentando ajudar.

"Quando morreu —quando ele foi morto, de modo trágico e desumano—, ele o fez tentando proteger outras pessoas, pode ter certeza disso", disse Scott Israel, xerife do condado de Broward.

Jaime Guttenberg

A menina dançava sem parar. Às vezes por horas,  disse sua tia, Ellyn  Guttenberg. Era uma pessoa calorosa, além disso, e sempre cuidava do filho de Guttenberg, uma criança que tem necessidades especiais.

O pai dela, Fred Guttenberg, postou no Facebook que "estou destruído ao escrever isso, tentando descobrir como minha família pode superar o que aconteceu".

Christopher Hixon

Diretor atlético da escola, era uma figura conhecida nos esportes estudantis da Flórida. Jose Roman, um amigo, postou na mídia social que Hixon era "um grande treinador e excelente em motivação", na época em que Roman foi atleta na escola.

Luke Hoyer

Seu primo, Grant Cox, disse que Luke jogava basquete, tinha ambições esportivas e admirava astros da NBA como LeBron James e Stephen Curry. "Ele era quieto, mas uma pessoa muito feliz".

Cara Loughran

Amava a praia e os primos e era uma excelente aluna, segundo sua família.

 "Embora agradeçamos seus bons votos, imploro que alguém FAÇA ALGUMA COISA. Isso não deveria ter acontecido com nossa sobrinha Cara e não deve acontecer a outros famílias", disse a tia, Lindsay Fontana.

Gina Montalto

Foi identificada no noticiário local como porta-bandeira da equipe de sua escola. Andy  Mroczek, que trabalhou como coreógrafo na Marjory  Stoneman Douglas, postou um tributo a Gina no Facebook: "Perdemos uma linda alma esta noite", ele escreveu.

Joaquin Oliver

As pessoas costumavam errar ao soletrar seu nome, e por isso ele adotou um apelido divertido: Guac.

Jogava basquete na liga recreativa da cidade —usava o número dois em seu uniforme— e adorava escrever; tinha um caderno cheio de poemas, disse Julien  Decoste, bom amigo de Joaquin e seu colega de quarto ano.

"Guac e eu sempre quisemos nos formar juntos e provar que as pessoas estavam erradas, e que teríamos sucesso juntos", disse Julien.

Na quarta-feira, escondido dos tiros dentro de um armário, Julien tentou se comunicar com Joaquin via mensagem de texto. "Tudo certo?", ele escreveu. "Bro, responda logo, por favor".

Alaina Petty

Ajudou no trabalho de limpeza depois que o furacão Irma atingiu a Flórida, a família dela declarou em comunicado, e era parte ativa de um grupo de voluntário na igreja mórmon.

"Embora tenhamos perdido a oportunidade de vê-la crescer e se tornar a mulher maravilhosa que sabemos que ela se tornaria, vamos tentar uma perspectiva eterna", sua família afirmou.

Peter Wang

Aluno de primeiro ano, ajudou seu primo Aaron Chen a se ajustar quando ele se mudou para a Flórida.

"Ele sempre foi muito gentil e generoso", disse Aaron, 16, acrescentando que, embora Peter fosse mais jovem, trabalhou para garantir que Aaron não sofresse bullying, quando chegou.

Peter foi visto pela última vez usando o uniforme cinzento do corpo de treinamento de oficiais juniores da reserva (JROTC), na quarta-feira.

Jess Bigood , Amy Harmon , Mitch Smith e Maya Salam

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.