Síria alerta Israel para 'mais surpresas' caso volte a atacar o país

Caça israelense foi abatido no sábado (10) e elevou tensão entre vizinhos

Damasco | Reuters

Israel enfrentará "mais surpresas" caso volte a atacar o território sírio, alertou Damasco nesta terça-feira (13), depois que as forças de defesa da Síria derrubaram um avião de guerra israelense durante o maior atrito entre os dois inimigos em 36 anos.

Destroços do caça israelense F-16 derrubado pela Síria no norte de Israel no sábado (10)
Destroços do caça israelense F-16 derrubado pela Síria no norte de Israel no sábado (10) - Xinhua

O caça F-16 foi abatido sobre o norte de Israel no sábado (10), quando voltava de uma operação contra uma posição síria acusada de ter lançado um drone de fabricação iraniana através da fronteira. O Irã é um dos principais aliados do ditador sírio, Bashar al-Assad, na guerra civil de quase sete anos.

"Tenham plena confiança de que o agressor ficará muito surpreso, porque pensou que esta guerra de atrito à qual a Síria está exposta há anos tornou-a incapaz de confrontar ataques", disse o ministro-assistente das Relações Exteriores, Ayman Sussan.

"Se Deus quiser, eles verão mais surpresas se quiserem tentar atacar a Síria", disse Sussan em uma entrevista coletiva em Damasco.

O jato F-16 abatido foi o primeiro avião de guerra que Israel perdeu diante de fogo inimigo desde a guerra libanesa de 1982. Seus dois tripulantes sobreviveram, com ferimentos, depois de abandonarem a aeronave atingida.

Israel retaliou destruindo cerca de metade das baterias antiaéreas sírias, de acordo com uma avaliação inicial que uma autoridade de segurança israelense compartilhou com a Reuters, pedindo anonimato.

O Estado judeu disse que manterá suas missões na Síria, onde realizou dezenas de incursões para deter possíveis transferências de armas para o Hizbullah, grupo guerrilheiro libanês patrocinado pelo Irã.

CONSTITUIÇÃO

Também nesta terça-feira o regime sírio rejeitou os esforços liderados pela ONU para formar um comitê com o objetivo de reescrever a Constituição do país —o principal resultado de um congresso de paz entre grupos sírios realizado na Rússia em janeiro.

"Como Estado, não temos obrigações nem temos relação com nenhum comitê que não seja formado, liderado e constituído por sírios", afirmou o ministro-assistente de Relações Exteriores da Síria.

"Não temos obrigações com nada que seja formado por lados estrangeiros, seja qual for seu nome ou Estado, não temos obrigações com isso e não nos diz respeito", acrescentou.

Em 30 de janeiro os participantes do congresso de Sochi, uma iniciativa de destaque entre os esforços de Moscou, aliada de Damasco, para encerrar a guerra, concordaram com a criação do comitê constitucional em Genebra e a realização de eleições democráticas na Síria.

O enviado da ONU à Síria, Staffan de Mistura, disse em Sochi que decidiria os critérios de escolha dos membros do comitê e selecionaria cerca de 50 pessoas do governo, da oposição e de grupos independentes.

O principal grupo oposicionista de negociação, que boicotou a reunião de Sochi, disse mais tarde que cooperaria com a formação do comitê constitucional desde que sob os auspícios da ONU.

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