Às vésperas de eleição, Maduro faz expurgo nas Forças Armadas 

24 oficiais são expulsos ou demovidos sob acusação de tentar depor o governo por meios violentos

Caracas | AFP

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, expulsou ou demoveu 24 oficiais das Forças Armadas, a maioria dos quais detidos ou exilados, segundo dois decretos publicados no diário oficial. 

Maduro ordenou as medidas contra 11 militares ativos e 13 aposentados, acusando-os de tentar depor o governo "por meios violentos", com "uso indevido e desproporcional de armas de guerra", e outros delitos como incitação à rebelião.

A lista inclui o capitão aposentado Juan Carlos Caguaripano, detido em 11 de agosto do ano passado, seis dias após comandar um assalto a uma base militar do norte do país em que morreram duas pessoas. Segundo o governo, o oficial roubou armamento dessa guarnição.

Caguaripano se declarou em rebeldia pela atuação dos órgãos de segurança em relação aos protestos da oposição, que deixaram 125 mortos entre abril e julho de 2017. 

Também foram punidos antigos aliados de Maduro e de seu antecessor, Hugo Chávez, como Raúl Baduel e Herbert García Plaza.

Baduel, ex-ministro da Defesa de Chávez e figura central em sua restituição após o golpe de Estado que o tirou do poder por 48 horas em 2002, está preso acusado de um suposto complô contra Maduro. 

García Plaza, ex-ministro de Maduro, foi para o exterior após romper com o ditador. 

Oito militares haviam escapado da prisão militar de Ramo Verde em novembro do ano passado.

Maduro considerou a todos "indignos de pertencer à Força Armada Nacional Bolivariana" e determina que os aposentados percam suas condecorações. 

Para a especialista em assuntos militares Rocío San Miguel, o ditador esta pressionando as Forças Armadas em meio a uma profunda crise política e socioeconômica, justo quando tenta se reeleger nas eleições presidenciais de 20 de maio.

Os decretos "são eficazes como meios para exercer maior coerção na Força Armada Nacional, ao mesmo tempo em que demonstra, por parte do chefe de Estado e comandante-em-chefe, que tem poder sobre a força", escreveu San Miguel em um artigo.

As Forças Armadas são consideradas por analistas o principal sustentador de Maduro. 

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