O Brasil terá um embaixador e uma equipe de diplomatas em Paris para representar Brasília junto à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), embora não seja membro do organismo nem tenha garantia de que será aceito como integrante. O processo de adesão à OCDE leva ao menos três anos.
Será o quarto diplomata brasileiro com status de embaixador vivendo em Paris —já há o titular da Embaixada na França, da missão junto à Unesco (braço da ONU para patrimônio histórico e cultural) e do consulado-geral.
O embaixador Carlos Márcio Cozendey chega à capital francesa na próxima semana e ficará na embaixada brasileira em Paris. Há possibilidade de um imóvel ser alugado para a representação no futuro. Outros três diplomatas serão enviados do Brasil e dois serão realocados da equipe da embaixada.
O cargo oficial do representante junto à OCDE, uma espécie de clube que reúne países ricos, é delegado junto às organizações internacionais econômicas sediadas em Paris, que inclui a OCDE e mais 15 entidades.
Mas essas entidades (entre elas o Foro Internacional de Transporte, a Organização Internacional do Vinho e a Organização Internacional de Saúde Animal) eram antes por diplomatas da Embaixada em Paris, sem representante específico.
O secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, esteve no Brasil nesta semana e afirmou que o Brasil é o país que está mais bem posicionado para iniciar o processo de ingresso na OCDE. Mas Gurría ressaltou que o processo de análise para ingresso na OCDE leva, em média, de três a quatro anos —isso se o país receber o sinal verde para isso, o que ainda não ocorreu.
O principal rival do Brasil na acessão à OCDE é a Argentina, apoiada pelos EUA. O representante da Argentina na OCDE, Marcelo Scaglione, é subsecretário da Fazenda e fica em Buenos Aires.
OUTRO LADO
O ministério das Relações Exteriores afirmou, em nota enviada à Folha, que não houve a criação de uma nova unidade no exterior.
Ainda segundo o Itamaraty, "a presença de uma equipe dedicada a esses temas em Paris permitirá, em particular no que se refere à OCDE, um melhor acompanhamento dos temas de interesse brasileiro nesses organismos".
"No caso da OCDE, ajudará a dar maior volume à participação do Brasil nos trabalhos da organização, que já se intensificaram bastante nos últimos anos e já exigem um reforço do número de diplomatas para cobrir adequadamente a crescente presença do Brasil na organização", prossegue o texto.
De acordo com o ministério, o Brasil solicitou acessão a mais de 70 instrumentos normativos da OCDE (tipo de normas para as quais os países membros precisam convergir), o que "gerará número equivalente de processos de negociação e acompanhamento mesmo antes do início do processo de acessão".
"A participação do Brasil hoje na OCDE já é equivalente ou mesmo superior a de alguns países membros em termos de presença nos foros e contribuições às discussões", afirma o Itamaraty.
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