Descrição de chapéu Rússia

Com clima familiar e fila, russos votam em São Paulo

Com discurso patriótico, defensores e críticos de Putin participam da eleição na cidade

Bruno Benevides
São Paulo

Enquanto crianças brincam de pega-pega no jardim, os pais tomam café e conversam em voz alta enquanto aguardam para participar da eleição que definirá o próximo presidente da Rússia.   

A cena se repetiu durante todo este domingo (18) na casa onde fica a sede do consulado russo em São Paulo, no Jardim Everest, zona oeste.

A maior parte dos eleitores disse que decidiu deixar de lado o dia de sol e comparecer à votação por uma questão de patriotismo. “Quem não vier votar, acho que vai acordar se sentindo muito mal amanhã”, disse Dmitri Gitman, professor de física na USP, vestido com uma camiseta com o brasão do país. 

O professor de física Dimitri Gitman vota no consulado russo em São Paulo
O professor de física Dimitri Gitman vota no consulado russo em São Paulo - Nelson Antoine/Folhapres

Antes que ele terminasse a frase, porém, é interrompido por Svetlana Ignatenko, 61. “Todos aqui vão dizer isso, amamos a Rússia”, afirmou ela, que é só elogios ao presidente Vladimir Putin, favorito à reeleição. “Ele é o melhor presidente do mundo porque conversa com o povo.” 

Vivendo no Brasil há 18 anos, ela vê apenas um problema no atual líder. “Em 20 anos ele vai fazer da Rússia o melhor país do mundo e aí meu coração vai ficar dividido de onde devo morar.”

Mesmo quem não é fã do presidente russo concorda com Svetlana que necessário votar, como é o caso de Irina Kaleda, 31. “É importante mostrar que nem todo mundo concorda com Putin”, disse ela, que vive no Brasil há nove anos. 

“Vim garantir que ninguém vai mexer no meu voto”, completou, em referência às diversas denúncias de fraude feitas pela oposição —o consulado de São Paulo disse não ter recebido nenhuma acusação do tipo.   
O pesquisador Roman Spirin, 31, há seis anos no Brasil, disse não acreditar que a votação seja manipulada. “Se não confiasse no sistema, não teria aparecido para votar", afirmou.  

Até o meio-dia, Roman tinha sido uma das 70 pessoas que depositaram seu voto na urna transparente no saguão principal do consulado. Na sala anterior, quem esperava tinha ao seu dispor café, água com gás, biscoito com chocolate e uma TV que transmitia em russo os detalhes da votação.

Segundo o cônsul Yuri Legintsev, a fila para votar é algo inédito na cidade. “Já superamos o total de votos da última eleição legislativa, em 2016”, disse ele, que estima que 2.500 russos vivam atualmente na Grande São Paulo.

Ao fim do dia, foram 174 votos no consulado, incluindo São Paulo e quatro cidades que tinham votado com antecedência: Campinas, São José dos Campos, Porto Alegre e Joinville (SC)  

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