Diplomatas russos expulsos deixam o Reino Unido em meio à crise

Medida foi represália britânica ao envenenamento de um ex-espião no sul da Inglaterra

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Avião quadrimotor estatal russo, com as cores da bandeira do país, aparece parado em área remota do aeroporto de Stansted, com escada de embarque coberta
Avião estatal russo foi enviado ao aeroporto de Stansted, na região de Londres, para buscar os 23 diplomatas e seus familiares que foram expulsos da embaixada na capital britânica - Chris Radburn/Reuters
Londres e Moscou | Reuters

Vinte e três diplomatas russos expulsos e suas famílias partiram de Londres para Moscou nesta terça-feira (20), enquanto o Reino Unido e a Rússia trocam acusações a respeito de um ataque com uma arma química na Inglaterra que provocou a pior crise na relação desde a Guerra Fria.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, culpou a Rússia pelo ataque a um ex-agente duplo russo e sua filha —o primeiro caso conhecido de uso ofensivo de uma toxina que afete o sistema nervoso na Europa desde a Segunda Guerra Mundial— e deu aos 23 russos que disse serem espiões trabalhando sob disfarces diplomáticos uma semana para deixar Londres.

A Rússia vem negando repetidamente qualquer envolvimento no envenenamento de Serguei Skripal e sua filha, e no sábado teve uma atitude recíproca dando a 23 diplomatas britânicos uma semana para partirem de Moscou, além de fechar o Conselho Britânico na Rússia.

Enquanto May se reunia com autoridades de alto escalão e conselheiros de Segurança Nacional, seu porta-voz anunciava novas medidas para rastrear pessoas que entram no Reino Unido que podem ser consideradas uma ameaça à segurança da nação.

O gesto se alinhou a um anúncio feito pela premiê na quarta-feira, quando disse que seu país irá elaborar uma nova legislação para reforçar as defesas contra “atividades estatais hostis”.

Um avião russo Ilyushin-96 de propriedade estatal fez um voo especial de Moscou ao aeroporto Stansted, próximo à capital britânica, para recolher os diplomatas, que receberam uma despedida calorosa do embaixador Alexander Yakovenko.

Agradecendo-os em nome do presidente Vladimir Putin, que no domingo, após ser reeleito, repetiu que Moscou não teve papel no ataque, o embaixador disse: “Estamos orgulhosos de vocês”.

A Rússia se recusou a explicar como o Novitchok, uma arma química desenvolvida pelos soviéticos, foi usado para envenenar Skripal, um ex-coronel da inteligência militar russa que delatou dezenas de espiões ao Reino Unido.

Os Estados Unidos e potências europeias dizem compartilhar a crença britânica de que a Rússia é culpada pelo envenenamento, mas não deram nenhum indício do que farão a respeito.

Diplomatas russos disseram à Conferência do Desarmamento, realizada na Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, que o próprio Reino Unido pode ter produzido a toxina e que Moscou não deve explicações.

Putin, que conquistou um quarto mandato no domingo, disse que a Rússia foi acusada falsamente.

“Quanto à tragédia que vocês mencionaram, soube dela pela mídia. A primeira coisa que me veio à cabeça foi que, se tivesse sido um agente nervoso de uso militar, as pessoas teriam morrido na hora”.

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