Descrição de chapéu dia da mulher

Em São Paulo, mulheres fazem manifestação por igualdade e contra Temer 

Grupos feministas levam cartazes contra a reforma da previdência e a violência de gênero

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Ativista faz performance com fogo durante Marcha do Dia Internacional da Mulher na avenida Paulista, em São Paulo
Ativista faz performance com fogo durante Marcha do Dia Internacional da Mulher na avenida Paulista, em São Paulo - Nelson Almeida/AFP
São Paulo

Milhares de mulheres se reuniram na tarde desta quinta-feira (8) na avenida Paulista, no Dia Internacional da Mulher, para protestar contra a violência de gênero, a desigualdade salarial e contra o governo do presidente Michel Temer

Organizado por diversos grupos feministas, bem como grupos de mulheres ligados a partidos como PT, PSOL e PCdoB, a manifestação teve gritos de “Fora, Temer” e contra a reforma da previdência

Segundo organizadoras do protesto, a reforma atinge mais as mulheres. “A pauta central é conter os retrocessos do governo Temer, como a reforma da previdência. As mulheres já passam mais tempo fora do mercado de trabalho e são tratadas como desqualificadas. Por isso, elas têm mais dificuldade de se aposentar”, disse a secretária estadual de mulheres do PT, Débora Pereira. 

Durante o ato, as mulheres cantaram uma paródia da música “Mamãe eu quero”, contra a reforma: “Mulheres querem, mulheres querem se aposentar, é seu direito”.

Outras palavras de ordem foram: “Nem recatada, nem do lar, a mulherada está na rua para mudar”, “A nossa luta, é por respeito, mulher não é só bunda e peito”, e “vem para rua, vem, com as mulheres”. 

A manifestação começou às 16h na praça Oswaldo Cruz, no Paraíso. As mulheres ocuparam uma das pistas da avenida Paulista, por volta das 17:30, e caminharam em direção ao escritório da Presidência da República, próximo da rua da Consolação. 

Para a psicóloga Nalu Faria, 59, da coordenação do movimento Marcha Mundial das Mulheres, o protesto é contra um “modelo de dominação capitalista, patriarcal, racista e heteronormativo”. 

Ela considera os movimentos internacionais importantes, mas acredita que o feminismo no Brasil tem crescido desde os anos 2000. “Houve uma retomada, com movimentos como meu primeiro assédio, por exemplo”.

Segundo ela, o #metoo e outras iniciativas em outros países servem para aumentar o acesso às ideias feministas. “Isso tem um impacto maior para as mulheres que estão fora dos movimentos no Brasil. O feminismo sempre teve uma tendência a ser internacional, desde o século 19, e agora mais ainda. Nos fortalece saber que tem mulheres lutando no mundo todo”, afirmou. 

A ex-ministra Eleonora Menicucci, que chefiou a Secretaria de Política para as Mulheres do governo Dilma Rousseff, estava presente na manifestação. “Sou feminista, fui presa na ditadura, luto pelos direitos das mulheres, fui ministra de Estado, e vim porque o governo golpista do Temer está acabando com todas as políticas e direitos das mulheres. Estou aqui lutando pela democracia”, afirmou.

Sobre os movimentos internacionais, Menicucci disse que eles ajudam a colocar os direitos da mulher em pauta. “Esses movimentos colocam no cenário político internacional a situação das mulheres, independente de classe social. Porque assédio, estupro e feminicídio não escolhem classe social”. 

Segundo ela, o dia 8 de março é um dia de luta. “Temos que lutar cada dia mais, pelas nossas pautas. A legalização do aborto, não é não, contra qualquer tipo de violência. E nós só vamos conseguir que o não se torne realidade em uma democracia”, disse.

ESTUDANTES

O protesto teve a presença de muitas estudantes. Nayara Moura, 16, veio de São Bernardo para participar, com os seios tapados apenas com fita isolante. “Vim assim para mostrar que isso não é um convite para o assédio, tenho direito de mostrar o meu corpo”, disse.

Ela concorda com a pauta contra o governo Temer e as reivindicações internacionais. “É importante mostrar que não estamos sozinhas, fico muito feliz de saber que há mulheres protestando no mundo todo”, afirma ela, que não tinha ouvido falar do movimento Me Too. 

Para Tainá Suemy, 16, é a primeira vez em uma manifestação de 8 de março. “Vim por varias questões, como a legalização do aborto, desigualdade salariais e de cargos, porque as mulheres não atingem as posições de comando, contra a violência e o feminicídio, entre outras”, afirma ela, que também é contrária ao governo Temer.

“As duas pautas estão ligadas, porque o governo influencia a forma como seremos tratadas”, diz. 

O estudante Rhavi Loeb, 15, veio com a irmã e um grupo de amigas para o protesto. “Apesar de ser menos afetado pelo machismo, me magoa ver como as mulheres são tratadas como algo menor”, afirma.

Por volta das 21h a manifestação dispersou e a avenida Paulista foi liberada.

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