O deputado oposicionista venezuelano Julio Borges veio à posse de Sebastián Piñera, em Valparaíso, "pedir que a região faça ainda mais pressão para que tenhamos eleições livres na Venezuela", disse em entrevista à Folha.
Borges disse ter conversado com vários mandatários, entre eles o argentino Mauricio Macri, o peruano Pedro Pablo Kuczynski e o próprio Piñera, para que "algo seja feito antes da eleição", em 20 de maio.
"Já estamos em uma situação demasiadamente dramática, com a inflação castigando a população. São necessárias medidas mais duras da comunidade internacional."
Indagado se falava de sanções, declarou: "Sanções, atuação mais contundente de organismos internacionais, cobranças de grupos de países, tudo vale". "Não creio que o argumento de que sanções comerciais possam causar mais dano ao povo venezuelano do que o próprio [ditador Nicolás] Maduro está causando seja válido."
Borges atribui a Maduro a inflação, a escassez, a corrupção e a queda da produção petroleira do país, além do recente êxodo de venezuelanos que migram para outros países da região, inclusive o Brasil.
Borges disse não estar de acordo com uma intervenção militar estrangeira, mas que "toda pressão democrática que se faça para que haja eleições livres e para mudar esse regime, que é uma fotocópia de Cuba, é válida". "Temos certeza de que nosso clamor é justo", afirmou.
Disse, ainda, que participará de uma delegação de opositores venezuelanos à Cúpula das Américas em Lima em abril. O Peru desconvidou Maduro.
"Vamos insistir para que saiam daí posições claras. A América Latina e o Grupo de Lima têm tido uma posição muito contundente, e agradecemos. Mas passou da hora de passar das palavras, que vêm sendo muito boas, a ações mais claras", afirmou. "Precisamos de ajuda para o povo venezuelano voltar a decidir seu futuro."
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