A renomada psicanalista e filósofa búlgara Julia Kristeva, 76, que se radicou na França em meados da década de 1960, foi agente e colaboradora do serviço secreto do país balcânico na era comunista (1964-1990).
Kristeva é autora de mais de 30 livros e trabalhou junto com outros intelectuais franceses como Jacques Derrida (1930-2004), Jacques Lacan (1901-1981) e Roland Barthes (1915-1980).
A comissão estatal sobre a ditadura informou nesta quarta-feira (28) que a intelectual atuou sob o codinome Sabina no departamento da Agência de Segurança do Estado responsável pelas áreas de artes e comunicação de massa.
A colaboração teria começado em 1971, seis anos após ela se mudar para Paris para estudar com bolsa de estudos francesa. O documento que atesta sua participação, porém, não menciona quando ela deixou de ser espiã.
A filósofa ainda não comentou a acusação. No auge, a agência de Segurança do Estado da Bulgária, que colaborava com a soviética KGB, teve cerca de 100 mil agentes e informantes.
O aparelho de espionagem foi desmantelado em 1989, um ano antes do fim do regime. A questão do acesso e da publicação destes arquivos continuam a despertar comoção no país balcânico em sua transição democrática.
A revista americana Foreign Policy colocou Kristeva entre uma das cem maiores pensadoras do século 20. Além de livros sobre psicanálise, filosofia e romances, ela fez publicações sobre feminismo e assuntos culturais.
Ela é professora emérita da Universidade de Paris-Diderot e professora visitante da Universidade Columbia.
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