Descrição de chapéu bashar al assad

Forças turcas e aliados tomam controle da cidade síria de Afrin

Cidade era reduto curdo no noroeste do país e alvo de Ancara há quase dois meses

Forças sírias aliadas às milícias turcas comemoram a tomada de controle de Afrin nas ruas da cidade
Forças sírias aliadas às milícias turcas comemoram a tomada de controle de Afrin nas ruas da cidade - Bulent Kilic/AFP
Afrin (Síria) | AFP

As forças turcas e seus aliados sírios assumiram neste domingo (18) o controle total da cidade de Afrin, reduto curdo no noroeste da Síria e palco de uma ofensiva de Ancara há quase dois meses.

O cerco de Afrin e o avanço das forças turcas e dos rebeldes aliados resultaram nos últimos dias em uma grande fuga de civis, suscitando receios de uma nova tragédia humanitária em um país devastado por uma guerra que deixou mais de 500 mil mortos e milhões de refugiados desde 2011.

Dois correspondentes da AFP entraram em Afrin nesta manhã e comprovaram a presença de combatentes sírios apoiados por Ancara e de soldados turcos em todos os bairros da cidade de Afrin, onde realizavam operações de limpeza de minas.

Dois tanques turcos estavam estacionados em frente a um edifício oficial, enquanto tiros de comemoração eram disparados, acrescentaram os correspondentes, que viram as bandeiras da Turquia e da revolução síria penduradas em diversos prédios.

Os jornalistas da AFP também observaram dezenas de civis deixando o centro da cidade, assustados com as explosões provocadas pelas operações de remoção de minas.

Não houve confronto na cidade de Afrin enquanto os correspondentes da AFP estiveram no local.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, havia anunciado mais cedo neste domingo que o centro da cidade de Afrin tinha sido tomado. De acordo com a imprensa turca, os combatentes curdos quase não resistiram.

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, cumprimenta soldado sírio em Ghouta
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, cumprimenta soldado sírio em Ghouta - REUTERS

OFENSIVA

A cidade era o principal alvo da ofensiva lançada em 20 de janeiro pela Turquia contra a milícia curda das YPG (Unidades de Proteção do Povo), um grupo descrito como "terrorista" por Ancara, mas um valioso aliado de Washington na guerra contra os extremistas islâmicos na Síria.

Os curdos da Síria prometem lutar até a "libertação" de Afrin e afirmam que vão atacar as forças turcas e os rebeldes sírios aliados à Turquia.

"A resistência continuará até a libertação de cada território de Afrin", afirma em um comunicado a administração semiautônoma curda da região conquistada pelas forças turcas.

Diante da possibilidade de mais mortes, dezenas de grupos apelaram às autoridades mundiais para pressionar forças rebeldes turcas e sírias a se retirarem de Afrin e evitar uma “tragédia humana”.

Mais de 40 partidos políticos, associações e sindicatos emitiram a declaração algumas horas após o exército turco e seus aliados rebeldes sírios entrarem em Afrin.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, mais de 1.500 combatentes curdos morreram desde o início da ofensiva.

Os rebeldes aliados da Turquia sofreram 400 baixas. As Forças Armadas turcas relataram 46 soldados mortos. 

Nos últimos dias, os bombardeios aéreos e terrestres se intensificaram contra a cidade. Na sexta-feira (16) e no sábado (17), pelo menos 30 civis foram mortos, 16 no bombardeio de um hospital de Afrin, de acordo com o OSDH.

A Turquia assegura que não visa a população civil e negou o ataque ao hospital.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirma que mais de 280 civis foram mortos desde que Ancara lançou a ofensiva.

Para escapar do avanço das forças turcas, cerca de 250 mil pessoas deixaram a cidade de Afrin desde quarta-feira à noite, utilizando um corredor humanitário no sul da cidade que leva a territórios controlados pelos curdos ou pelo regime sírio. Apenas alguns milhares de habitantes permaneceriam em Afrin, segundo o Observatório.  

GHOUTA ORIENTAL

O conflito na Síria, que começou há sete anos, envolve atores regionais e potências internacionais em um território muito fragmentado.

Em outra frente desta guerra, em Ghouta Oriental, continua o êxodo em massa de civis. O local é um enclave rebelde nas proximidades de Damasco, cercado pelo regime de Bashar al-Assad desde 2013.

O controle exercido pelos rebeldes neste território é cada vez mais reduzido diante do avanço das forças do governo.

O regime sírio lançou sua ofensiva em meados de fevereiro e seus intensos bombardeios diários deixaram pelo menos 1.400 civis mortos, dos quais 274 crianças, de acordo com o Observatório.

Para escapar dos ataques aéreos, mais de 50 mil civis fugiram da área nos últimos dias, de acordo com a mesma fonte.

Em Khisrin, uma cidade recentemente conquistada pelo regime, civis caminhavam entre os escombros carregando bolsas e cobertores, segundo constatou um cinegrafista que trabalha com a AFP.

De acordo com o Observatório, o regime conquistou no sábado as localidades rebeldes de Kfar Batna e Saqba, ampliando seu controle para 80% desse enclave dividido em três setores isolados.

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