Grupo rebelde sírio se rende ao regime de Assad e deixa Ghouta Oriental

Outra milícia negocia cessar-fogo após cinco semanas da ofensiva que deixou 1.500 mortos

De roupas verdes e camufladas, combatentes rebeldes levantam a mão ante policiais que escoltam uma fila de ônibus rodoviários usados para deslocá-los de Harasta, em Ghouta Oriental, para o nordeste da Síria
Combatentes rebeldes levantam as mãos antes de embarcarem nos ônibus que os levarão de Harasta, em Ghouta Oriental, para o noroeste da Síria - Ammar Safarjalani/Xinhua
Damasco e Beirute | AFP e Reuters

Grupos rebeldes sírios se retiraram nesta quinta-feira (22) de ônibus de uma cidade da região de Ghouta Oriental, perto de Damasco, e entregaram a área ao Exército, na primeira rendição do tipo desde o início da ação militar do ditador Bashar al-Assad na região.

A decisão do grupo Ahrar al-Sham de aceitar as condições do regime e abandonar a cidade de Harasta coloca Assad no caminho de sua maior vitória sobre rebeldes desde a batalha de Aleppo, em 2016.

E em outra parte da mesma região, o grupo rebelde Failaq al-Rahman disse que um cessar-fogo tinha sido acordado para permitir uma “sessão final de negociação” após bombardeios deixarem 38 civis mortos na região.

Durante a noite, cerca de 30 ônibus levando combatentes rebeldes e suas famílias deixaram a cidade. A mídia estatal síria relatou que ônibus levaram 1.580 pessoas, incluindo 413 combatentes rebeldes, que receberam passagem segura para Idlib, no noroeste da Síria.

Uma unidade de mídia militar comandada pelo grupo radical xiita libanês Hizbullah, aliado de Assad, relatou que 1.500 combatentes e 6.000 familiares haviam concordado em deixar a cidade.

A televisão estatal informou, por meio de um oficial do Exército, que rebeldes que não haviam negociado acordos similares para retirada de outras cidades em Ghouta oriental devem abandonar ou morrer. 

A operação militar em Ghouta Oriental, último grande bastião rebelde próximo à capital, tem sido uma das mais intensas na guerra síria de sete anos, matando mais de 1.500 pessoas em bombardeios implacáveis com aviões de guerra e bombardeios.

Antes de embarcar nos ônibus, um pequeno grupo foi visto em imagens da TV ajoelhando em linha no entardecer para a oração do pôr do sol do islãtalvez a última que iriam realizar em sua cidade-natal. Crianças corriam entre os adultos que aguardavam para embarcar.

Entre 18 mil e 20 mil pessoas permaneceriam em Harasta sob comando do regime. A ofensiva de Assad começou em 18 de fevereiro e, nela, a ditadura recuperou mais de 80% do território de Ghouta Oriental.

Os territórios ainda nas mãos dos rebeldes, divididos em três setores isolados, são alvo de ataques diários que mataram mais de 1.500 civis desde 18 de fevereiro, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.