'Inferno não existe', diz o papa Francisco, segundo jornal italiano

Vaticano, porém, afirma que falas relatadas em artigo não são 'transcrição fiel'

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São Paulo

O papa Francisco disse em entrevista a Eugenio Scalfari, fundador do jornal italiano La Repubblica, que "o inferno não existe; o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras".  

"Não existe um inferno em que sofrem as almas dos pecadores por toda a eternidade", teria dito o pontífice, segundo a reportagem de Scalfari, publicada nesta quinta-feira (29). "Aqueles que não se arrependem e portanto não podem ser perdoados desaparecem."

 

O Vaticano, porém, afirmou em comunicado nesta quinta que o papa recebeu Scalfari para um encontro privado, sem conceder entrevista, e que as falas citadas no texto não deveriam ser consideradas "uma transcrição fiel das palavras do Santo Padre".

Scalfari, de 93 anos, que é ateu e entrevistou o papa diversas vezes, já disse anteriormente que não grava nem anota suas entrevistas, usando sua memória para recontar as conversas. Francisco também já mandou uma carta longa e cordial ao LaRepubblica, respondendo a uma série de perguntas sobre fé e descrença.

A crença no Inferno é um ponto importante da doutrina católica sobre o destino do ser humano após a morte. 

A atual doutrina, entretanto, não enfatiza os aspectos físicos do Inferno, mas sim a separação definitiva de Deus e dos "salvos" como a verdadeira punição.

"Faz sentido imaginar que Francisco rejeitaria totalmente essa tradição? Provavelmente não. Enfatizar a misericórdia de Deus, no entanto, encaixa-se mais nas pregações do papa", analisa Reinaldo José Lopes (leia aqui) 

Semana santa

Nesta quinta-feira, quando começam as atividades da Páscoa no Vaticano, o papa fez o ritual do lava-pés, na prisão Regina Coeli, em Roma. O pontífice lavará os pés de 12 presos, que incluem católicos, muçulmanos, um cristão ortodoxo e um budista, de nacionalidade italiana, filipina, marroquina, colombiana, nigeriana, leonesa e moldávia.

Mais cedo, em missa, o papa pediu que os padres se aproximem espiritualmente de suas congregações e que não se atenham à lei católica em seus sermões. Francisco disse que os padres podem dizer aos adúlteros que não voltem a pecar, mas que não devem adotar um tom legalista e que devem permitir que os adúlteros olhem para frente e não para trás.

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