Desgastada, Merkel tem quarto mandato confirmado pelo Parlamento alemão

Após quase seis meses de negociação, ela conseguiu montar uma coalizão para comandar o país

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Berlim

Sinal de que os tempos mudaram em Berlim, Angela Merkel trocou o preto que vestiu em suas três posses anteriores pelo branco nesta quarta-feira (14), quando foi confirmada chanceler em votação no Bundestag, o Parlamento alemão. 

Merkel inicia seu quarto mandato desgastada após quase seis meses desde as eleições. As negociações para a formação de uma coalizão, primeiro com os liberais-democratas e verdes, depois com os sociais-democratas, foram as mais longas na Alemanha do pós-guerra.

A chanceler alemã Angela Merkel recebe flores no Parlamento logo após a aprovação de seu novo mandato
A chanceler alemã Angela Merkel recebe flores no Parlamento logo após a aprovação de seu novo mandato - Kai Pfaffenbach/Reuters

A incerteza em torno do novo governo parou a principal economia da União Europeia, vista como uma das lideranças globais a preencher o vácuo deixado pelos EUA com o presidente Donald Trump e o “brexit”, a saída britânica da UE.

A votação desta quarta-feira é uma formalidade, pois desde a vitória da CDU (União Democrata-Cristã) na eleição já se sabia que Merkel seria chefe de governo pela quarta vez desde 2005.

Mas os 364 votos que recebeu entre 709 membros do Bundestag foram 35 a menos que os 399 que o governo teoricamente tem assegurados com a grande coalizão entre a CDU de Merkel, seus fiéis aliados bávaros da CSU (União Social-Cristã) e o SPD (Partido Social-Democrata).

Após o anúncio do resultado da votação pelo presidente do Bundestag, Wolfgang Schäuble, Merkel foi aplaudida por membros de todas as bancadas —com exceção da AfD (Alternativa para a Alemanha). 

O partido de direita ultranacionalista emergiu das eleições como a terceira força no Parlamento e agora, com a entrada do SPD no governo, é a maior bancada da oposição.

Especulava-se que seus líderes, Alexander Gauland e Alice Weidel, sequer fossem se levantar para cumprimentar a chanceler eleita, mas o fizeram perto do final, não sem alguma frieza. Em setembro, no dia seguinte à eleição, Gauland prometeu “caçar Merkel”.

As pesquisas mostram que a AfD ganhou popularidade nos meses de governo paralisado. Algumas sondagens mostram o partido como segunda força, ora empatado ora à frente do SPD, o que expõe a crise que enfrentam os sociais-democratas depois do pior resultado eleitoral de sua história.

Ex-líder da AfD que saiu por discordar do rumo radical que a sigla vinha tomando, Frauke Petry não só cumprimentou Merkel como presenteou a chanceler com um livro do jornalista alemão Jürgen Leinemann sobre como os políticos ficam intoxicados pelo poder.

Entre os convidados na tribuna do plenário estava o marido de Merkel, o químico Joachim Sauer, que fez uma rara aparição pública. Como dita o protocolo, após a votação no Bundestag Merkel foi ao Palácio de Bellevue, onde obteve a nomeação de chanceler do presidente da República, Frank-Walter Steinmeier.

Cerca de duas horas depois, já empossada como chanceler, Merkel voltou ao Parlamento para fazer o juramento à Constituição. No início da tarde, ela retornou a Bellevue com os 15 ministros do governo, que foram oficialmente empossados. A primeira reunião do gabinete estava prevista para o fim da tarde.

 
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