A OIT (Organização Internacional do Trabalho) anunciou nesta quarta-feira (21) a criação de uma comissão para investigar se a Venezuela está violando as regras do grupo, que há dez anos não tomava uma medida semelhante.
Caracas é acusada de impedir a liberdade sindical e o direito dos trabalhadores de se organizarem livremente, disse o porta-voz da OIT, Hans von Rohland.
Raramente a organização autoriza a criação de uma uma comissão para investigar denúncias contra um país —a última vez foi 2008 para apurar acusações contra o governo do Zimbábue. Nos últimos 60 anos, foram 12 missões do tipo.
A decisão aconteceu após uma delegação da OIT cancelar sua ida à Venezuela em janeiro após o governo não autorizar que o grupo se encontrasse com todas as pessoas que tinha requisitado.
A reclamação que levou a instalação da comissão foi feita pela Fedecamaras, entidade que representa os empresários e que é adversária do ditador Nicolás Maduro. Ela afirma sofrer pressões e intimidações e diz que não consegue dialogar com o governo.
Segundo o porta-voz Von Rohland, a decisão de autorizar a investigação foi tomada em consenso pelo Conselho de Administração da entidade, que é formado 56 pessoas —28 representantes de governos, 14 de trabalhadores e 14 de empresários.
Não há um prazo para que a comissão da OIT —agência da ONU responsável pelas questões trabalhistas— apresente os resultados da investigação.
Com inflação acima de 2.000% ao ano e 87% da população com renda abaixo da linha da pobreza, a Venezuela enfrenta uma crise humanitária que levou milhares de pessoas a deixarem o país e procurarem refúgio nos países vizinhos.
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