Quatro anos depois, Sebastián Piñera reassume Presidência do Chile

Eleito com apoio da extrema-direita e da centro-esquerda, empresário volta com desafio centrista

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O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, sorri e acena para jornalistas antes de participar de encontro com chefes de Estado e de governo em Santiago
O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, participa de encontro com chefes de Estado e de governo em Santiago - Claudio Reyes/AFP
Buenos Aires

Sebastián Piñera, 68, assume neste domingo (11), pela segunda vez, a Presidência do Chile.

Eleito com apoio tanto da extrema-direita (como o pinochetista José Antonio Kast), como de desiludidos da centro-esquerdaa aliança governista Nova Maioria se diluiu, o principal desafio político do presidente é encontrar um caminho de centro que promova a conciliação entre ambos lados.

Até porque sua coalizão, a Chile Vamos, não terá maioria no Congresso e terá de negociar apoios que garantam a aprovação de leis.

Do ponto de vista econômico, a principal promessa de Piñera é a de retomar o crescimento médio de 5,3% obtido durante sua anterior gestão (2010-2014). Os tempos, porém, ainda eram os do "boom das commodities".

Apesar da desaceleração mundial, e da queda das vendas do cobre, que fizeram com que o Chile crescesse um modesto 1,6% em 2017, Piñera deve ser favorecido por um novo aumento do preço internacional desse item, principal produto de exportação do país.

O presidente também acena com um pacote de ajustes, ainda não especificado. Entre suas promessas de campanha estavam mais investimentos em educação e saúde pública, mas que viriam do "corte de gastos desnecessários".

Apesar de ser contra a legalização do aborto e a gratuidade do ensino superior gratuito, Piñera avisou que não revogará decisões já aprovadas pelo Congresso.

Durante a gestão de Michele Bachelet, embora a promessa da presidente fosse de que o ensino universitário gratuito atingisse 100% dos estudantes, conseguiu aprovar apenas que fosse oferecido aos 60% de renda mais baixa.

Quanto à Lei de Aborto, aprovado em três situações (risco de morte da mulher, estupro e inviabilidade fetal), Piñera também disse que não irá promover alterações, mas sim "melhorias".

Diz que priorizará programas de acompanhamento da "gravidez vulnerável", para criar alternativas ao aborto, mas que não fará nada para revogar a lei, como desejam alguns de seus apoiadores, como Kast.

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BAIXOS

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Estudante carrega bandeira chilena com a mensagem "Cinco anos estudando, 15 pagando" em protesto pela educação universitária gratuita em Santiago, em 2011
Estudante carrega bandeira chilena com a mensagem "Cinco anos estudando, 15 pagando" em protesto pela educação universitária gratuita em Santiago, em 2011 - Martin Bernetti - 9.ago.2011/AFP

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