Suspeito de ataques a bomba no Texas morre em explosão

Homem se explodiu dentro do carro quando era perseguido pela polícia

Mark Anthony Conditt, suspeito pelas bombas detonadas em Austin, no Texas - Facebook/AP
Austin (Texas) | The New York Times

O suspeito de uma série de atentados a bomba que aterrorizava Austin desde o início de março morreu nesta quarta (21), após uma perseguição de três horas pela polícia que terminou quando ele parou seu carro na ilha central de uma rodovia e detonou explosivos que levava.

Mark Anthony Conditt, 23, morreu na hora, disseram autoridades. Desempregado e egresso de uma escola técnica local, foi identificado por meio de câmeras de vigilância e de pistas deixadas em uma das mais graves séries de ataques a bomba dos EUA.

"SUSPEITO PELAS BOMBAS DE AUSTIN ESTÁ MORTO. Grande trabalho da polícia e de todos os envolvidos", escreveu numa rede social o presidente Donald Trump.

Austin, uma das principais cidades do Texas, mergulhara em ansiedade nas últimas semanas após duas pessoas morrerem em uma série de seis explosões de bombas artesanais diante de casas, em uma calçada e em um centro de expedição da FedEx.

Autoridades alertaram, porém, que é possível que o agressor tenha deixado outras bombas não detonadas. 

Agentes investigam local onde suspeito por bombas no Texas se explodiu, em estrada na altura de Round Rock, no Texas - Loren Elliott /Reuters

"Não sabemos se ele deixou mais bombas e, se o fez, quantas são e onde estão", disse o governador Greg Abbott à rede de TV Fox News. "Em segundo lugar, precisamos continuar investigando se há outros envolvidos."

Pflugerville, a cidade em que Conditt vivia, perto de Austin, ficou repleta de policiais. Alguns passaram horas com os pais dele, na casa de madeira branca com uma bandeira dos EUA onde vivem, isolada pela investigação. "Não entendemos o que o levou a fazer o que fez", disse Brian Manley, o chefe da polícia de Austin.

Conditt era um jovem quieto, um "nerd", e parte de uma família "muito unida e religiosa", disse Donna

Sebastian Harp, que conhece os Conditt há quase 18 anos. Mais velho de quatro filhos, foi educado em casa pela mãe, como os irmãos, e depois frequentou o Austin Community College.

"Ele sempre foi meio quieto", disse Harp. "Era um nerd, sempre lendo, sempre no computador", afirmou, acrescentando que o homem sempre se mostrou gentil.

"Ele não tinha atividades do tipo violento."

PERSEGUIÇÃO

Segundo o detetive David Fugitt, da polícia de Austin, a família cooperou e autorizou buscas na casa. Nenhum explosivo havia sido encontrado até a tarde desta quarta, e a revista continuaria. 

O policial também disse não ter indícios que o levassem a crer que a família soubesse das bombas e afirmou que os parentes do suspeito estão chocados.

Registros imobiliários locais mostram que Conditt e seu pai, William Conditt, compraram uma casa juntos em Pflugerville em 2017, e amigos da família dizem que o jovem Conditt estava reformando o imóvel. Mas os vizinhos pouco o viam.

"Acho que ele era um cara solitário", afirmou Jay Schulze, engenheiro de redes que vive a dois quarteirões da casa, acrescentando que ele passava a maior parte do tempo com seus pais. 

Outro vizinho, Jeff Reeb, 75, disse que os Conditt jamais expressaram a ele preocupação a respeito do filho.

"Não tenho nada de pessoal a dizer sobre ele, exceto que era um jovem muito gentil", disse Reeb. "Sempre me pareceu inteligente. E sempre pareceu muito educado."

TENSÃO

Austin enfrentava uma onda de ataques a bomba desde o dia 2 de março.

"É um alívio para toda a comunidade de Austin, mas ainda precisamos ter cuidado com armadilhas explosivas e com os pacotes que recebemos pelo correio", disse o advogado Gary Bledsoe, presidente em Austin da organização de combate à discriminação racial NAACP

Os alvos das primeiras explosões foram membros de famílias conhecidas na comunidade negra da cidade, ainda que dois homens brancos também tenham sido feridos pela detonação de uma bomba no domingo (18).

Acredita-se que o suspeito tenha sido responsável por pelo menos seis bombas que mataram ao menos duas pessoas e feriram outras cinco.

Os ataques começaram quando um pacote-bomba explodiu na varanda de uma casa em Austin e matou Anthony Stephan House, 39. 

Dez dias depois, duas outras bombas foram achadas diante de casas da cidade, e a explosão de uma delas matou um jovem de 17 anos.

As três primeiras bombas aparentemente explodiram quando os pacotes que as ocultavam foram apanhados ou sacudidos. Mais tarde, um novo pacote explosivo, ativado por um gatilho disfarçado, explodiu diante de uma casa.

As bombas nas instalações da FedEx foram encontradas na terça (20). 

"Nas últimas 24 a 36 horas, começamos a receber informações sobre um possível envolvido que logo passou a ser considerado suspeito", disse Manley

O veículo do suspeito foi avistado em um hotel em Round Rock, ao norte de Austin, e cercado. Mas o homem deixou o local de carro antes da chegada de reforços.

Iniciou-se então uma perseguição, até que o suspeito parou o carro na ilha de uma rodovia. Quando a equipe tática se aproximou do veículo a pé, ele detonou uma bomba e morreu. 

Um policial foi levemente ferido pela onda de choque.

Manny Fernández, Jack Healy e Jess Bidgood

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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