Descrição de chapéu Donald Trump estados unidos

Trump demite Rex Tillerson, e diretor da CIA será novo secretário de Estado

Gina Haspel deve substituir Mike Pompeo na agência de inteligência, primeira mulher no cargo

O então secretário de Estado, Rex Tillerson, durante reunião no Museu Nacional do Ar e Espaço na Virgínia, EUA
O então secretário de Estado, Rex Tillerson, durante reunião no Museu Nacional do Ar e Espaço na Virgínia, EUA - Jonathan Ernst - 5.out.2017/Reuters

 
Washington | Washington Post e The New York Times

O presidente dos EUA, Donald Trump, demitiu o secretário de Estado, Rex Tillerson, e o substituiu pelo diretor da CIA, Mike Pompeo. A decisão foi anunciada pelo republicano em rede social.

Trump pediu na sexta-feira (9) que Tillerson deixasse o posto; o secretário, que estava em viagem à África, voltou mais cedo a Washington, nesta segunda (12).

Em declarações à imprensa, Tillerson disse que ficará no cargo até dia 31 e que depois disso retornará ao setor privado.

A mudança vem em um momento em que o governo Trump está envolvido em delicadas negociações com a Coreia do Norte.

Com a ida de Pompeo ao Departamento de Estado, é esperado que Gina Haspel vá substituí-lo no comando da CIA —a primeira mulher a comandar a agência de inteligência, caso o nome dela seja confirmado.

Haspel é uma oficial "clandestina" veterana da CIA apoiada por muitos na comunidade de inteligência dos EUA, mas vista cautelosamente por alguns membros do Congresso por seu envolvimento nos chamados "black sites" (prisões clandestinas da agência pelo mundo).

Em comunicado, Trump elogiou Pompeo e Haspel, chamando a indicação dela de "passo histórico". 

"Quero agradecer a Rex Tillerson por seu serviço. Muita coisa foi conquistada nos últimos quatorze meses, e desejo bem a ele e a sua família", escreveu o presidente.

O presidente, que vem se desentendendo com Tillerson  —considerado por Trump muito ligado ao "establishment"— decidiu que era importante fazer a mudança agora, durante os preparativos para conversas com o líder norte-coreano Kim Jong-un e para negociações de tarifas comerciais.

Apesar da animosidade dom Trump, Tillerson vinha resistindo a sair do posto de principal diplomata dos EUA. A distância entre os dois, porém, ficou evidente quando o presidente aceitou o convite para se reunir com Kim Jong-un, para surpresa de Tillerson, que estava em viagem.

Em outubro, a rede de televisão americana NBC noticiou que Tillerson havia chamado Trump de "idiota" durante uma reunião, o que o secretário nunca negou diretamente.

Tillerson, que era presidente da petroleira ExxonMobil, não tinha experiência política ou diplomática antes de entrar para o governo Trump. Ele e o presidente divergiram publicamente diversas vezes, inclusive em relação à Rússia e à Coreia do Norte.

Na segunda-feira (12), Tillerson criticou a Rússia pelo envenenamento de um ex-espião e de sua filha no Reino Unido, culpando Moscou diretamente pelo incidente, enquanto a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, foi menos incisiva.

Também foi demitido o subsecretário de Estado Steve Goldstein por ter se manifestado a favor de Tillerson após sua demissão.

VENEZUELA

Em fevereiro, Tillerson fez viagem pela América Latina, onde visitou Colômbia, Argentina e Peru, mas não o Brasil. Logo antes do tour, uma fala sua causou polêmica, quando ele sugeriu um golpe militar na Venezuela.

À época, o chefe da diplomacia americana afirmou que, embora os EUA não estivessem estimulando uma "mudança de regime" no país, o "mais fácil" seria se o ditador Nicolás Maduro deixasse o poder.

"Na história da Venezuela e dos países sul-americanos, às vezes os militares são o agente da mudança quando as coisas estão tão ruins e a liderança não serve ao povo", discursou na Universidade do Texas em Austin, aludindo aos golpes de Estado que ocorreram na região na segunda metade do século 20. Mas acrescentou: "Se esse é o caso aqui, eu não sei".

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.