A primeira-ministra britânica Theresa May disse nesta segunda-feira (16) ao Parlamento britânico que autorizou o ataque aéreo contra a Síria porque a decisão era moral e legalmente correta e não como resultado de pressão exercida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Nós não fizemos isso porque o presidente Trump nos pediu, nós fizemos porque acreditamos que era a coisa certa a fazer, e não estamos sozinhos. Há amplo apoio internacional para a ação que tomamos", disse ela, que enfrentou pressão dos parlamentares, em especial da oposição.
Os deputados criticaram o fato de May não ter pedido o apoio do Parlamento para o bombardeio realizado no última sábado (14, noite de sexta no Brasil) em parceira com os Estados Unidos e a França.
Segundo ela, teria sido impossível levar a questão à Câmara dos Comuns porque esta estava em recesso e parte das informações que basearam a ação eram confidenciais e não podiam ser compartilhadas. "Nós sempre deixamos claro que o governo tem o direito de agir rapidamente para garantir o interesse nacional", afirmou ela.
As afirmações de May foram uma resposta às declarações do líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, que disse que o ataque era legalmente questionável e que a primeira-ministra tinha seguido as orientações de Trump.
A defesa de May no caso aconteceu no mesmo dia que a equipe da Opaq (Organização para a Proibição de Amras Químicas) foi impedida de chegar até Douma para analisar o local onde teria acontecido o ataque químico feito por Damasco.
Londres e seus aliados culpam o governo sírio e a Rússia, aliada do ditador Bashar al-Assad, pelo uso das armas químicas e, por isso, realizaram o bombardeio de sexta-feira. Moscou e Damasco negam envolvimento no caso.
"Nós não podemos permitir que o uso de armas químicas se torne algo normal, seja na Síria, nas ruas do Reino Unido ou em outro lugar", disse May ao Parlamento, ligando ataque ao caso do ex-espião russo Serguei Skripal, envenenado em 4 de março na cidade britânica de Salisbury.
França
Além de May, o presidente francês Emmanuel Macron também se viu obrigado a dar explicações sobre a participação de seu país no ataque.
No domingo (15), Macron disse ter convencido Washington a manter a presença americana na Síria por um longo prazo —Trump já tinha declarado que pretendia tirar as tropas do país assim que possível.
Nesta segunda, após a Casa Branca questionar a fala do francês, Macron voltou atrás e disse que foi mal interpretado. Segundo ele, suas afirmações não indicaram uma mudança na posição americana.
"A Casa Branca está certa em dizer que o envolvimento militar é contra o Daesh [um dos nomes do Estado Islâmico] e será interrompido quando a guerra contra o Daesh tiver acabado", afirmou Macron em nota.
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