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Atropelamento em Toronto faz terror chegar a um país insuspeitado

Canadá adota sempre a discrição na diplomacia, mas integra a coligação que atuou no Iraque

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São Paulo

Chegou à América —e ao mais insuspeitado dos países americanos, o Canadá— a moda de atentados terroristas usando como arma um veículo alugado. As características da ação autorizam a assumir que se tratou de terrorismo, mesmo antes que as autoridades assim a definam.

É o mesmo tipo de atentado praticado na Europa ou mais exatamente em Londres, Berlim, Estocolmo e Nice (França) e toda vez atribuído a militantes do Estado Islâmico. Exceto em Nice, onde o autor foi morto pela polícia (sem, portanto, confessar), em três outros episódios os autores se disseram militantes radicais.

O fato de Canadá ter entrado na lista não é de todo surpreendente. Primeiro, porque já houve caso similar em setembro passado, na cidade de Edmonton: Abudalhi Hasan Sharif foi acusado de atacar à faca um policial e atropelar quatro outros com uma van.

A diferença é que não houve mortes naquela ocasião.

É verdade que o Canadá é um país de uma tranquilidade ímpar entre seus pares do G7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo. 

Adota sempre a discrição, na diplomacia e em assuntos internacionais. Mas integra a coligação que atuou no Iraque contra o Estado Islâmico, como os demais países já vítimas de atentados com veículos, exceto a Suécia (esta, tifa como o maior exportador per capita de radicais).

O atentado desta segunda (23) parece enquadrar-se na estratégia que o EI passou a seguir desde que foi desalojado de seu feudo principal, em Raqqa, no final de 2017. Quase todos os analistas do tema previram que o grupo passaria a visar os países envolvidos na operação que eliminou o califado estabelecido.

Seria uma maneira de manter acesa a chama do “jihad”, esforço pela causa de Deus que todo muçulmano deve fazer para difundir o islã.

O que incomoda os canadenses é que se trata de um país extraordinariamente aberto aos imigrantes e, por isso, de uma diversidade ampla e pouco contestada. O Canadá tem a maior taxa de imigração per capita do mundo e responde por 10% do acolhimento global de refugiados.

A questão que se abre é se a rejeição a imigrantes e refugiados vai se instalar no Canadá como ocorreu nos outros países vítimas de atos similares.

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