Descrição de chapéu Coreia do Norte Governo Trump

Diretor da CIA e Kim Jong-un tiveram reunião secreta na Coreia do Norte

Encontro, o mais importante entre os dois países em 18 anos, foi confirmado por Donald Trump 

Soldado passa em frente a uma televisão em Seul que exibe a imagem do ditador norte-coreano Kim Jong-un (dir.) e do diretor da CIA, Mike Pompeo
Soldado passa em frente a uma televisão em Seul que exibe a imagem do ditador norte-coreano Kim Jong-un (dir.) e do diretor da CIA, Mike Pompeo - Ahn Young-joon/Associated Press
São Paulo , Washington e Seul | Reuters e Associated Press

O diretor da CIA (agência americana de inteligência), Mike Pompeo, viajou recentemente para a Coreia do Norte, onde se reuniu com o ditador Kim Jong-un, no encontro de mais alto nível entre autoridades dos dois países em 18 anos.

A informação foi revelada inicialmente pelo jornal Washington Post na noite de terça-feira (17) e confirmada nesta quarta (18) pelo presidente americano Donald Trump. A data exata do encontro não foi divulgada, mas a publicação americana disse que ele aconteceu durante a Páscoa.  

"O encontro foi bem suave e uma boa relação foi formada", escreveu o americano nas redes sociais. Embora o conteúdo exato da conversa não tenha sido informado, Trump indicou que ela inclui o programa nuclear norte-coreano e a preparação para o encontro entre ele e Kim, que provavelmente acontecerá em maio ou junho. "Detalhes da cúpula estão sendo negociados. A desnuclearização será uma coisa boa para o mundo, mas também para a Coreia do Norte", afirmou. 

A última vez que uma autoridade americana tão importante se encontrou com um líder norte-coreano foi em 2000, quando a então secretária de Estado Madeleine Albright se reuniu com Kim Jong-il, pai do atual ditador. Em 2014, o diretor de Inteligência Nacional dos EUA, James R. Clapper, chegou a viajar ao país para negociar a libertação de dois americanos presos, mas se encontrou apenas com autoridades de baixo escalão. 

Pompeo foi escolhido por Trump em março para substituir Rex Tillerson como secretário de Estado dos EUA e aguarda confirmação no Senado para assumir o cargo que comanda a diplomacia do país, mas já foi incumbido pelo presidente de conduzir as negociações com Pyongyang. 

Como os dois países não mantêm relações diplomáticas, Washington tem preferido usar os canais de inteligência para se comunicar com a Coreia do Norte. Assim, de acordo com o jornal The New York Times, as conversas têm sido feitas entre a CIA e seu equivalente em Pyongyang, o Birô Geral de Reconhecimento, com apoio da inteligência sul-coreana. 

Acordo de paz

Em uma referência à missão de Pompeo, Trump disse na terça que os EUA mantinham conversas diretas de alto nível com a Coreia do Norte e que a Casa Branca estava estudando cinco potenciais locais para o encontro entre o americano e Kim.  

Na ocasião, Trump também afirmou que dava sua bênção para que Seul e Pyongyang discutam o fim da Guerra das Coreias. O conflito, que se estendeu entre 1950 e 1953, terminou com um armistício, o que significa que tecnicamente os dois lados ainda estão em guerra.

O diretor do escritório de segurança nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, confirmou que seu país está disposto a oferecer o acordo de paz a Kim Jong-un caso este aceite desistir de seu programa nuclear, segundo o jornal britânico The Guardian. 

Um acordo de paz, porém, teria que ter também a participação americana, já que o armistício que pôs fim ao conflito foi assinado por Washington em nome de Seul. 

A oferta pode ser feita no encontro que Kim terá com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, no próximo dia 27. O ditador norte-coreano já declarou que, para abrir mão das armas nucleares, gostaria de receber garantias de que não correria o risco de ser atacado por Washington ou Seul. 

Reaproximação

O ano de 2017 ficou marcado pela elevada tensão entre as Coreias e da Coreia do Norte com os EUA. Pyongyang fez uma série de testes com mísseis balísticos e bombas atômicas e houve troca de acusações entre Kim, que afirmou ter um botão nuclear ao alcance das mãos, e Trump, que chamou o ditador de "o homem do foguete" e disse ter ter um botão "maior e mais poderoso"

O cenário mudou no início de 2018. Os primeiros passos da reaproximação entre as Coreias vieram do presidente Moon, da Coreia do Sul, que assumiu o cargo com a promessa de fazer acenos a Pyongyang. O diálogo resultou em fevereiro na participação de atletas norte-coreanos nos Jogos Olímpicos de Inverno, realizados na cidade sul-coreana de Pyeongchang. 

No início de março, Kim recebeu uma comitiva sul-coreana em Pyongyang para debater a suspensão do programa nuclear.

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