Evo Morales pede investigação de ligações de antecessores com Odebrecht

Congresso da Bolívia avalia comissão nesta terça; oposição quer incluir período do presidente

Evo Morales usa casaco preto com camisa branca e está diante de um microfone; ao fundo, folhas de uma árvore que lhe faz sombra
O presidente da Bolívia, Evo Morales, discursa em lembrança de batalha da Guarra do Pacífico em Potosí, em 28 de março - David Mercado - 28.mar.2018/Reuters
La Paz e São Paulo

O presidente da Bolívia, Evo Morales, solicitou nesta segunda-feira (2) ao Congresso a abertura de comissão para investigar contratos da construtora brasileira Odebrecht com governos anteriores ao dele, iniciado em 2005.

Ele pediu um comitê misto que “investigue de maneira transparente se ocorreram atos de corrupção envolvendo a Odebrecht e antigas autoridades.” “Sou o mais interessado na investigação destes atos de corrupção”, disse.

Ao anunciar a investigação para seus antecessores, o líder negou ter qualquer envolvimento com as construtoras mencionadas na Operação Lava Jato, embora algumas delas tenham atuado durante seu governo.

A criação da comissão será votada nesta terça-feira (3) no plenário, onde o mandatário tem maioria. A oposição, porém, quer ampliar o escopo da comissão para incluir os mandatos do atual presidente.

Ao jornal boliviano El Deber, o deputado opositor Wilson Santamaria disse que já pediu informações a legisladores de Brasil, Equador, Colômbia e Peru para cruzar com os dados das equipes de investigação bolivianas.

A convocação ocorreu depois de El Deber publicar no fim de semana informe do Ministério da Justiça brasileiro de que a construtora Camargo Correa teria pago US$ 550 mil a políticos para vencer a licitação de duas obras.

Um dos trechos foi entregue à empreiteira e o outro, à Odebrecht. No documento do governo brasileiro, a Andrade Gutierrez é citada como tendo dado propina a um ex-ministro e a um ex-diretor de transportes.

Não há menção, porém, à Odebrecht no informe citado pelo El Deber. A concorrência foi no governo de Carlos Mesa, mas, devido a um problema no financiamento, só foi executada no mandato de Eduardo Rodríguez Veltzé.

Opositores de Morales, Mesa e Rodríguez negam as irregularidades e apoiaram às investigações. As construções, na estrada entre Santa Cruz de la Sierra e Puerto Suárez, na fronteira com o Brasil, foram concluídas em 2009.

Já o ex-presidente Jorge Quiroga também pediu que a comissão avalie o que chamou de lobby do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a favor das construtoras e do financiamento do BNDES na Bolívia.

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