Ex-negociador de acordo com Farc é preso sob acusação de tráfico de drogas 

Jesus Santrich se elegeu deputado pelo partido criado a partir da dissolução da guerrilha

Nova York | Reuters

Quatro membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, hoje convertidas no partido Força Alternativa Revolucionária do Comum) foram presos na Colômbia sob acusações ligadas a tráfico de drogas para os EUA, informaram nesta terça-feira (10) promotores de Nova York.

Segundo a Promotoria, um deles é Seusis Hernandez, conhecido como Jesus Santrich, que atuou durante mais de quatro anos como negociador do acordo de paz entre a guerrilha e Bogotá pelo lado da Farc, firmado em 2016. Ele também se elegeu há pouco para a Câmara colombiana pela sigla recém-criada.

O membro da Farc Jesus Santrich, eleito há pouco deputado, fala em Havana em 2014
O membro da Farc Jesus Santrich, eleito há pouco deputado, fala em Havana em 2014 - Adalberto Roque - 5.set.2014/AFP

Santrich e três outras pessoas são acusados de conspirar para importar cerca de 10 mil quilos de cocaína (avaliados em US$ 320 milhões, ou R$ 1 bilhão) para os Estados Unidos entre junho de 2017 e abril de 2018. Santrich ficará sob custódia colombiana até que o pedido de extradição dele para território americano seja formalizado.

Para o partido Farc, a detenção dos ex-rebeldes põe em risco o acordo de paz, que encerrou mais de 52 anos de conflito e levou à rendição de armas por parte de 12 mil combatentes e simpatizantes da guerrilha.

"Com a captura de nosso camarada Jesus Santrich, o processo de paz se encontra em seu ponto mais crítico e corre o risco de fracassar", afirmou o futuro senador pela legenda Iván Marquez, que classificou a prisão como uma "armação".

"Trata-se de uma farsa criada para enganar a opinião [pública] colombiana e internacional. A extradição seria uma violação dos acordos, o fracasso do processo de paz", acrescentou ele. 

Crimes cometidos por combatentes das Farc durante os anos de conflito serão julgados por um tribunal especial, mas aqueles perpetrados após a rendição da guerrilha estão sujeitos ao procedimento legal padrão (que inclui a possibilidade de extradição). Os supostos crimes de Santrich ocorreram depois da desmobilização do grupo armado.

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