Forças de Israel matam 3 manifestantes e ferem centenas na fronteira com Gaza

Ao menos 38 pessoas morreram e 2.100 foram feridas desde o início dos protestos, no fim de março

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Bombas de gás lacrimogênio são lançadas pelas forças de Israel em manifestantes em Gaza
Bombas de gás lacrimogênio são lançadas pelas forças de Israel em manifestantes em Gaza - Ibraheem Abu Mustafa - 27.abr.2018
Gaza | The New York Times e Associated Press

Centenas de manifestantes palestinos, pelo menos dois deles armados, tentaram derrubar a cerca na fronteira entre Gaza e Israel nesta sexta-feira (27). As forças israelenses responderam com tiros e pelo menos três palestinos morreram e 350 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O episódio foi um dos mais violentos ocorridos desde que os protestos tiveram início, cinco semanas atrás. Ele aconteceu logo após uma autoridade da ONU ter pedido para que Israel não usasse força excessiva contra os manifestantes.

Segundo testemunhas, pelo menos parte das mortes ocorreu quando dois palestinos se aproximaram armados da cerca e um deles atirou ao menos sete vezes em direção aos soldados israelenses antes de os dois fugirem. 

Em resposta, os soldados atiraram uma granada de mão, mas os homens armados já não estavam mais lá, ainda de acordo com as testemunhas. Uma série de manifestantes ficou ferida nesse episódio.

Esta é a quinta semana seguida de manifestações em Gaza. O objetivo é chamar atenção para o bloqueio israelense da região assim como conquistar a simpatia internacional para o desejo dos refugiados palestinos de retornar ao território que hoje é o Estado de Israel.

As fronteiras de Gaza com Egito e Israel estão praticamente fechadas desde que o Hamas —considerado por ambos como um grupo terrorista— tomou o controle, à força, da região, em 2007. E a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, também impõe sanções contra os líderes do Hamas.

Nas quatro primeiras semanas de protestos, pelo menos 38 pessoas foram mortas por Israel, e 2.100, feridas.

Israel tem rejeitado as críticas internacionais, dizendo que está defendendo a sua fronteira. O governo acusa ainda os líderes do Hamas, que estão organizando os protestos, de usar os manifestantes como uma manobra para realizar os ataques.

No ato desta sexta-feira, uma multidão se reuniu a algumas centenas de metros da fronteira. Alguns deles atiraram pedras e colocaram fogo em pneus, no que já se tornou uma rotina nas últimas semanas.

No fim da tarde, dezenas de jovens se retiraram da multidão e se dirigiram para a cerca com Israel. A multidão então tentou romper a barreira com ganchos e alicates, quando as tropas israelenses começaram a atirar.

E, pela primeira vez desde que os protestos tiveram início em 30 de março, testemunhas e autoridades israelenses confirmam que alguns palestinos conseguiram chegar até a segunda barreira, que fica a cerca de 50 metros da primeira. Trata-se de uma cerca eletrificada e que corre ao longo da linha de armistício de 1949 separando Gaza de Israel.

Em nota, o Exército israelense afirmou que tinha “frustrado” uma tentativa de infiltração por manifestantes palestinos.

De acordo com ele, centenas de pessoas tentaram colocar fogo na cerca e entrar em Israel. Afirmou ainda que os manifestantes atiraram explosivos, bombas incendiárias e pedras e que as tropas abriram fogo “de acordo com as regras de engajamento” e dispersaram a multidão.

Israel tem sido alvo de forte crítica internacional pelo suposto uso de força excessiva.

Zeid Raad Al Hussein, alto comissário de direitos humanos das Nações Unidas, afirmou que as tropas de Israel não têm seguido as advertências da ONU e vêm usando força letal contra manifestantes desarmados.

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