A Câmara dos Lordes britânica adotou nesta segunda-feira (30) uma emenda ao projeto de lei sobre o "brexit", dando ao Parlamento o direito de impedir o governo de deixar a União Europeia na ausência de um acordo com Bruxelas.
Também nesta segunda, o chefe negociador da União Europeia, Michel Barnier, alertou para o risco de um fracasso das negociações.
Majoritariamente pró-UE, a Câmara dos Lordes adotou a proposta por 335 votos contra 244.
A emenda dá aos parlamentares a possibilidade de "sugerir novas negociações", ou mesmo decidir sobre a permanência na UE, segundo explicou o conservador Douglas Martin Hogg, um dos signatários do texto.
Após ser discutido pelos Lordes, o texto deve retornar em maio para os deputados, que podem suprimir, ou modificar, a emenda, que representa mais uma derrota para o governo da primeira-ministra Theresa May.
O governo conservador de May havia indicado que deixaria o Parlamento votar sobre o acordo de saída da UE. Mas, no caso de o Parlamento rejeitar o acordo, a única opção restante seria a saída da UE sem negociação, o chamado "no deal", uma perspectiva que preocupa particularmente as empresas britânicas.
O Executivo havia alertado que a emenda aprovada hoje iria "enfraquecer a mão do Reino Unido nas negociações do 'brexit'", de acordo com uma porta-voz de May.
A votação aconteceu poucas horas depois que o negociador europeu Michel Barnier fez um alerta sobre a questão da fronteira irlandesa.
"O esboço do acordo deve incluir uma solução clara e operacional sobre a Irlanda", afirmou em uma entrevista coletiva. "Enquanto não alcançarmos esse acordo, haverá o risco" que essas negociações fracassem.
O Reino Unido e a UE querem evitar o restabelecimento de uma fronteira "dura" entre província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda vizinha, membro da UE, após o "brexit", no final de março de 2019.
Trata-se de preservar o acordo de paz de 1998 que encerrou três décadas de confrontos entre nacionalistas e unionistas norte-irlandeses, reforçando os laços entre os dois territórios.
Em março, os britânicos aceitaram integrar no acordo de saída da UE a opção de um "espaço regulamentar comum" incluindo a UE e a Irlanda do Norte, ao menos até encontrar uma solução satisfatória.
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