Rússia domina sabatina de indicado para secretaria de Estado dos EUA

Ex-diretor da CIA, Mike Pompeo diz crer em interferência russa nas eleições de 2016

Mike Pompeo presta sabatina no Senado americano para poder assumir cargo de secretário de Estado, nos EUA - Leah Millis/Reuters
Nova York

Os tentáculos da Rússia nas eleições americanas e dúvidas sobre a relação suspeita de Donald Trump com o Kremlin dominaram a sabatina de Mike Pompeo, indicado pelo presidente para assumir o comando da chancelaria do país, em Washington.

Ex-diretor da CIA, o serviço de inteligência americano, Pompeo disse antes das primeiras perguntas dos senadores que “a lista de ações desta administração para aumentar os obstáculos para Vladimir Putin é longa” e que os Estados Unidos expulsaram mais diplomatas e agentes russos do país sob Trump do que em qualquer outra época desde a Guerra Fria.

Ele acrescentou ainda que a estratégia de segurança nacional de Trump identifica a Rússia como um “perigo para o nosso país”. Mais tarde, Pompeo também disse que acredita que Moscou interferiu nas eleições americanas.

Leal a Trump, Pompeo disse que o presidente nunca pediu que ele fizesse nada “não apropriado”, mas admitiu ter conversado com Robert Mueller, o procurador especial responsável pela investigação sobre as relações de Trump com a Rússia. Ele não deu detalhes desse depoimento, no entanto, e acrescentou que ele não renunciaria ao cargo caso Mueller fosse demitido.

Trump já demitiu James Comey, ex-diretor do FBI, a polícia federal americana. A demissão do procurador é algo que o presidente vem discutindo em conversas privadas e se tornou uma possibilidade desde que Mueller autorizou uma operação de busca e apreensão no escritório de Michael Cohen, um advogado pessoal do presidente.

Ele não quis comentar se Trump teria ou não autoridade para demitir Mueller, mas que “seus instintos” o fariam continuar no cargo mais alto da diplomacia americana mesmo no caso da demissão do procurador para servir o país num eventual momento de “turbulência política”.

Sobre a relação conturbada entre Washington e Moscou, Pompeo disse que os problemas são causados pelo “mau comportamento” dos russos e não por americanos, mas acrescentou que os EUA devem ajudar a Ucrânia, que teve uma parte de seu território anexada pela Rússia, a preservar a sua soberania.

O candidato ao comando da chancelaria, criticado por alguns senadores por ter um “histórico antimuçulmano”, também comentou os planos dos EUA para a Síria um dia depois de o presidente ter ameaçado atacar a região com “mísseis inteligentes”.

Pompeo afirmou que o “objetivo é chegar a uma solução diplomática para que haja mais estabilidade”, vislumbrando uma “Síria pós-Assad algum dia”, confirmando o interesse americano em derrubar o ditador no comando do país em guerra há anos.

Enquanto defendeu uma saída diplomática no Oriente Médio, Pompeo não descartou a possibilidade de uma intervenção militar na Coreia do Norte, dizendo que os EUA poderão ir além da diplomacia contra o regime comandado por Kim Jong-un.

“O presidente já deixou claro, e concordo com ele, que pode chegar o dia em que eles tenham um arsenal nuclear capaz de atingir os Estados Unidos da América”, disse. “O presidente deixou clara sua intenção de evitar que isso aconteça e, nesse sentido, ferramentas diplomáticas poderão fracassar.”

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