Israel faz acordo com a ONU para transferir imigrantes e desiste de expulsão

Pelo menos 16 mil serão realocados para países ocidentais; quem busca asilo poderá permanecer

Jerusalém | AFP e Reuters

O governo israelense anunciou nesta segunda-feira (2) a anulação de um projeto de expulsão de imigrantes africanos e assinou um acordo com a ONU para transferir parte deles para países ocidentais.

"O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e Israel chegaram a um acordo que permitirá a transferência de pelo menos 16.250 migrantes africanos para países ocidentais, enquanto o Estado de Israel solucionará a situação dos que permaneceram", afirma um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.

Segundo o acordo desta segunda, os imigrantes que aguardam pedido de asilo poderão permanecer pelo menos pelos próximos cinco anos em Israel. O restante será transferido para outros países ocidentais. 

Netanyahu citou a Alemanha, o Canadá e a Itália como países que devem receber esses imigrantes, mas não detalhou nem como isso será feito e nem se outras nações também irão participar.

Nenhum dos três países comentou as declarações do premiê.   

O plano israelense era expulsar do país cerca de 37 mil imigrantes, originários principalmente do Sudão e da Eritreia. Seriam retirados apenas as pessoas que chegaram ilegalmente no país, a maior parte pela fronteira com o Egito, e que não tinham feito pedido de asilo ou refúgio.  

Em fevereiro, eles começaram a receber um comunicado oficial dando o prazo de dois meses para que deixassem o país —o governo se ofereceu para pagar a passagem de volta para o país de origem ou para uma outra nação africana, que a imprensa local disse ser Ruanda. Quem não saísse no prazo poderia ser preso.   

A proposta enfrentou críticas de entidades de direitos humanos. A agência da ONU para os refugiados, responsável pelo acordo desta segunda, criticou a proposta e disse que imigrantes da África subsaariana que eram realocados de volta ao continente ficavam em situação de perigo e muitos acabavam tentando depois imigrar para a Europa e morrendo pelo caminho.

No dia 15 de março, a Suprema Corte israelense tinha aceitado um pedido de organizações de defesa dos imigrantes e suspendido temporariamente o plano até o julgamento da proposta, agora cancelada.  

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