Jornalistas sequestrados viram questão diplomática entre Colômbia e Equador

Familiares de profissionais equatorianos pressionam autoridades em cúpula

Familiares e amigos dos jornalistas equatorianos sequestrados na fronteira com a Colômbia protestam em Quito - Rodrigo Buendía - 5.abr.2018/AFP
SYLVIA COLOMBO
Lima

Familiares dos três jornalistas equatorianos sequestrados na região do rio Mataje, que define a fronteira entre Colômbia e Equador, em 26 de março, estarão na Cúpula das Américas, em Lima, a partir da noite desta quarta-feira (11), para pressionar os líderes de seus países e pedir apoio ao resto dos mandatários regionais para que ajudem a encontrar o paradeiro dos profissionais.

“Houve uma inquietude a partir de um comunicado emitido por uma das frentes dissidentes das Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] que dava conta de que eles estariam mortos. Ambos os governos desmentiram e disseram que não realizaram movimentos militares na região. Estamos em busca de mais respostas”, disse à Folha a porta-voz dos familiares, Yadira Guagualo.

O jornalista Javier Ortega, 32, o fotógrafo Paúl Rivas, 45, e o apresentador Efraín Segarra, 60, são funcionários do El Comercio, um dos principais meios equatorianos, e teriam sido sequestrados pela frente Oliver Sinisterra, composta de ex-integrantes das Farc que resolveram não acolher o acordo de paz firmado entre o Estado colombiano e a ex-guerrilha em 2016.

O documento do grupo diz que os governos do Equador e da Colômbia “não quiseram salvar a vida dos jornalistas e atacaram a zona militarmente, e que por isso os teriam matados”. Os dois governos negam que esses ataques tenham ocorrido.

O ministro do Interior do Equador, César Navas, pediu que o governo colombiano não realize operações que possam comprometer a vida dos sequestrados.

Já Luis Carlos Villegas, ministro de Defesa da Colômbia, disse que a presença do Exército colombiano no local é apenas de “controle territorial” e que não houve nenhuma movimentação “fora do padrão”.

Durante a Cúpula das Américas, os presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia) e Lenín Moreno (Equador) terão uma reunião bilateral de emergência para tratar do assunto e avaliam receber os familiares dos três jornalistas.

Segundo a porta-voz dos parentes das vítimas do sequestro, os três estavam na região realizando um documentário “sobre as condições de vida dos habitantes da zona, que nos últimos meses vêm registrando atentados com explosivos”.

Desde o acordo de paz, essa frente dissidente das ex-Farc se instalou no local. O líder dessa dissidência chama-se Guacho e estaria coordenando ações de distintas frentes dissidentes em outras áreas do território colombiano.

Na semana passada, essa frente realizou um atentado a bomba contra uma torre de energia do lado equatoriano da fronteira, aumentando a tensão na zona.

As autoridades equatorianas, por sua vez, capturaram um dos integrantes da frente, conhecido como Cachi, e que seria a mão direita de Guacho. O sequestro dos jornalistas estaria relacionado a uma represália com relação a essa prisão.

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