Luta contra injustiça é tão importante quanto combate ao aborto, diz papa

Em documento, Francisco critica católicos que relativizam os ensinamentos sociais da igreja

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Vaticano | AFP e Reuters

papa Francisco disse nesta segunda-feira (9) que católicos não devem dar "importância excessiva" a algumas regras da Igreja, enquanto ignoram outras, pedindo que opositores do aborto demonstrem a mesma paixão pela vida dos pobres e oprimidos.

O papa fez o pedido em sua terceira exaltação apostólica, um documento de 100 páginas chamado "Gaudete et Exsultate", no qual escreve sobre como as pessoas podem ser religiosas em um mundo moderno repleto de distrações seculares e materialismo.

O papa Francisco ao lado de uma cruz dourada
O papa Francisco comanda missa na praça São Pedro, no Vaticano - Alberto Pizzoli - 8.abr.2018/AFP

No documento, o papa disse que católicos não devem relativizar diferentes aspectos dos ensinamentos sociais da igreja, dando prioridade ou atenção total a uma única questão ética ou moral, enquanto menosprezam problemas sociais como a imigração.

"Nossa defesa do inocente não nascido, por exemplo, precisa ser clara, firme e passional, porque em risco está a dignidade de uma vida humana, que é sempre sagrada e exige amor para cada pessoa, independentemente de seu estágio de desenvolvimento", escreveu.

"Igualmente sagrada, entretanto, são as vidas dos pobres, aqueles já nascidos, dos necessitados, dos abandonados e dos desfavorecidos, dos enfermos vulneráveis e dos idosos expostos à eutanásia encoberta, das vítimas de tráfico humano, de novas formas de escravidão e de qualquer forma de rejeição."

"Não podemos considerar um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam alegremente e reduzem sua vida às novidades de consumo, ao mesmo tempo que outros apenas observam de fora, enquanto sua vida passa e se acaba miseravelmente", afirmou ele no documento.

No texto, o papa também fez uma defesa dos imigrantes e refugiados. "Se escuta com frequência que, ante o relativismo e dos limites do mundo atual, a situação dos migrantes seria um assunto menor. Alguns católicos afirmam que é um tema secundário ao lado dos temas 'sérios' da bioética", disse ele, em uma resposta às críticas que recebe de que seu pontificado dá mais valor aos assuntos sociais que às questões éticas e morais.

"Que um político preocupado com seus êxitos diga algo assim é possível compreender; mas não um cristão, a quem só cabe a atitude de colocar-se no lugar deste irmão que arrisca sua vida para dar um futuro a seus filhos", afirmou o papa. 

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