No papel de anfitriã, Melania Trump finalmente fica à vontade

Jantar com Macron foi oportunidade para uma primeira-dama que reluta em exibir seus dons

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Com chapéu branco, Melania olha para o alto; ao fundo, em imagem esmaecida, aparecem plantas
A primeira-dama, Melania Trump, visita a Galeria Nacional de Artes com Brigitte Macron, mulher do presidente francês, na terça-feira (24) - Bryan Snyder - 24.abr.2018/Reuters
Helena Andrews-Dyer Emily Heil
Washington | Washington Post

O primeiro jantar de Estado da Presidência de Donald Trump, para o presidente francês, Emmanuel Macron, e sua mulher, Brigitte, foi promovido como o momento de Melania Trump: uma oportunidade para uma primeira-dama que se mostra relutante a assumir o papel exibir seus dons.

A ex-modelo fez sua entrada triunfal com um traje de alta-costura da Chanel, um vestido prateado pintado à mão e bordado com cristais e lantejoulas. Antes, envergara uma capa preta Givenchy e um chapéu Hervé Pierre feito sob medida, figurinos que a deixaram aparentemente à vontade com o papel.

No primeiro brinde da noite, o presidente destacou os esforços da mulher: "Um brinde à absolutamente incrível primeira-dama americana, obrigado por fazer desta uma noite que sempre guardaremos na memória com carinho", falou, em um discurso enxuto no qual homenageou a longa amizade entre EUA e França.

Quando a segunda-dama Karen Pence foi indagada como Melania Trump estava se saindo, o vice-presidente Mike Pence respondeu em seu lugar: "De tirar o fôlego".

Os outros 130 convidados pareceram mais fascinados com os franceses. O senador republicano John Kennedy, da Louisiana, disse que pretendia "agradecer ao povo da França por nos ter vendido a Louisiana".

Indagada se falava francês, a assessora especial e primeira-filha Ivanka Trump, respondeu: "Oui, un petit peu". ("Sim, um pouquinho".)

A lista de convidados foi previsível: funcionários da Casa Branca, membros do gabinete e do corpo diplomático, e alguns rostos inesperados.

O diretor da CIA, Mike Pompeo, evitou responder sobre sua indicação a secretário de Estado. O governador do Louisiana, John Bel Edwards, foi um dos poucos democratas convidados. O CEO da Apple, Tim Cook, levou a diretora ambiental da Apple e ex-chefe da Agência de Proteção Ambiental no governo Barack Obama, Lisa Jackson. O magnata da mídia Rupert Murdoch chegou com a mulher, a ex-modelo Jerry Hall, que se disse ansiosa para "ver o presidente francês". E a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, reagiu à francesa: "É meu terceiro jantar francês", disse, pouco entusiasmada.

No estilo hiperornamentado do canal presidencial, chegava-se ao Salão de Jantar de Estado por um corredor decorado com quase 1.200 ramos de flores de cerejeira. O salão foi enfeitado em tons de creme e ouro. Velas altas iluminavam mesas com toalhas adamascadas e porcelanas gravadas em ouro 24 quilates, herança da então primeira-dama Hillary Clinton.

Cada mesa tinha um arranjo central de flores perfumadas violetas e brancas. Os menus com uma flor-de-lis dourada em baixo relevo aludiam aos convidados de honra e tinham um brilho a la Trump.

O jantar de três pratos —"amostra do melhor das culinárias americanas", segundo a Casa Branca— teve costela de cordeiro com jambalaya, prato tradicional do Louisiana com influência francesa.

O crítico de gastronomia do Washington Post, Tom Sietsema, descreveu o prato principal como "um belo reconhecimento do Sul dos Estados Unidos". Os vinhos todos vieram da costa oeste do país, e não da vinícola do presidente, na Virgínia central. E após o jantar, a Ópera Nacional de Washington se apresentou.

A noite foi um sucesso para os Trump e os Macron, dois casais que, segundo o brinde do presidente francês, "surpreenderam e tumultuaram o establishment": "Há dois anos, poucas pessoas teriam apostado que estaríamos aqui hoje".

Tradução de Clara Allain

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