Número três do Vaticano vai a julgamento por denúncias de abuso sexual

Investigação contra cardeal australiano, que é tesoureiro da Santa Sé, teve início em 2012

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O cardeal George Pell, tesoureiro do Vaticano, chega a tribunal em Melbourne (Austrália), com forte proteção policial
O cardeal George Pell, tesoureiro do Vaticano, chega a tribunal em Melbourne (Austrália) - William West/AFP
Melbourne | The New York Times

O cardeal George Pell, tesoureiro do Vaticano (o terceiro cargo mais importante na hierarquia da Santa Sé), vai ser julgado por pelo menos duas acusações de abuso sexual, determinou a Justiça australiana.

Pell, 76, é a autoridade mais alta da Igreja Católica a ser acusado de abuso sexual. Ele, que na prática é o chefe das finanças do Vaticano, recebeu permissão do papa Francisco para retornar à Austrália para cuidar de sua defesa.

O cardeal é acusado de “ofensas sexuais históricas”, o que significa que elas ocorreram décadas atrás, mas os detalhes das queixas (incluindo o nome dos acusadores) não foram tornados públicos.

Segundo a polícia, os casos são antigos, sendo que alguns aconteceram há mais de 40 anos.

Não está claro quando o julgamento vai ter início. Ainda serão realizadas pelo menos mais duas audiências para determinar quais provas serão aceitas e para marcar uma data.

Segundo Judy Courtin, advogada que representa um grupo de supostas vítimas, ainda pode levar um ano para que o julgamento aconteça.

Mas, de acordo com ela, a decisão desta terça-feira (1º na Austrália; 30 no Brasil) é um passo importante para os acusadores. “A verdade deles está sendo reconhecida.”

Robert Richter, advogado do religioso, afirmou no ano passado que havia provas em abundâncias que mostram que as acusações eram impossíveis.

A investigação contra o religioso começou em 2012, quando o governo australiano criou uma comissão para investigar como a igreja lidou com denúncias de abuso sexual e pedofilia no século 20.

Inicialmente, Pell foi questionado apenas por seu possível papel em acobertar os casos, mas não havia acusações diretas contra ele por crimes sexuais.

Em 2015, porém, uma pessoa —que não teve seu nome divulgado— fez uma denúncia à comissão acusando o religioso de abuso, dando início a uma investigação contra ele.  Com isso, outras pessoas também procuraram a Justiça para acusarem Pell.

O papa Francisco pouco falou sobre o caso desde que surgiram as primeiras acusações contra o cardeal.

Em 2016, ele disse que acompanharia com atenção a decisão dos tribunais. “Uma vez que a Justiça se pronuncie, eu irei falar.”

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