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Pesquisador cria aplicativo que consegue falsificar vídeos

Supasorn Suwajanakorn mostrou discursos falsos de Barack Obama em evento

Supasorn Suwajanakorn mostra vídeos fake com o ex-presidente dos EUA Barack Obama
Supasorn Suwajanakorn mostra vídeos fake com o ex-presidente dos EUA Barack Obama - Bret Hartman/TED
Fernanda Ezabella
Vancouver (Canadá)

Quem acha que vídeos são mais confiáveis que notícias ou fotografias no mundo de hoje infestado de fake news é porque não viu ainda os vídeos do cientista Supasorn Suwajanakorn, pesquisador do Google Brain, uma equipe de pesquisa de inteligência artificial do Google.

No TED 2018, evento de palestras que se encerrou neste sábado (14) em Vancouver, no Canadá, o pesquisador mostrou quatro versões diferentes do ex-presidente dos EUA Barack Obama fazendo o mesmo discurso e perguntou à plateia: qual seria a versão falsa? Resposta: as quatro.

Veja no vídeo abaixo (em inglês) as quatro versões fake do discurso de Obama

Suwajanakorn, que recentemente terminou seu doutorado na Universidade de Washington, passou anos desenvolvendo algoritmos que podem criar modelos em 3D de rostos em movimento a partir de fotos comuns e vídeos pré-existentes. Para os vídeos de Obama, seu software analisou mais de 14 horas de imagens do ex-presidente. 

O programa consegue capturar pequenos detalhes como expressões e maneirismos para reconstruir uma cabeça falante. O cientista mostrou no evento diversos exemplos tirados de fotos na internet de personalidades como Tom Hanks, George Bush e Arnold Schwarzenegger.

"Minha inspiração veio de um projeto para preservar nossas memórias e aprender sobre o holocausto com os sobreviventes", disse, explicando que tratava-se de uma interação com hologramas de vítimas com mensagens pré-gravadas.

"Pensei se não poderíamos criar um modelo disso para qualquer um. Imagine se escritores, vivos ou mortos, pudessem ler seus livros para qualquer pessoa interessada?", disse.

Apesar do entusiasmo, Suwajanakorn sabe que sua tecnologia pode ser usada para objetivos menos nobres. Ele afirmou que trabalha com a comunidade internacional de inteligência artificial para criar o aplicativo "reality defender" (defensor da realidade). 

O programa, sem data de lançamento, funciona automaticamente em navegadores de internet e alerta sobre vídeos e fotos falsas, usando algoritmos e moderadores.

"O aplicativo combate meu próprio trabalho", disse o pesquisador. "Sei que vídeos podem causar muitos danos antes de alguém conseguir verificá-lo. Por isso precisamos mostrar às pessoas o que é atualmente possível ser feito para sermos críticos com o que vemos."

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