Atiradora fere ao menos três na sede do YouTube e se suicida, diz polícia

Polícia relata ter encaminhado quatro feridos a hospital; suspeita se matou em seguida

Fernanda Ezabella
Los Angeles

Duas semanas após estabelecer regras mais duras para a difusão de vídeos sobre armas, o YouTube foi alvo de um ataque a tiros nesta terça-feira (3), em sua sede em San Bruno, no vale do Silício, a 20 km de San Francisco.

Ao menos quatro pessoas foram encaminhadas ao hospital Zuckerberg San Francisco, três delas com ferimentos causados por balas. (A instituição leva o nome do cofundador do Facebook Mark Zuckerberg, doador, ao lado da mulher, Priscilla Chan, de US$ 75 milhões, ou cerca de R$ 248 milhões.)

Uma mulher é suspeita da ação. Policiais a encontraram morta no interior do prédio, com um ferimento de bala autoinfligido. 

Eles chegaram a trabalhar com a hipótese de haver um segundo autor de disparos, mas esse cenário foi descartado no começo da noite (fim da tarde na Califórnia).

As vítimas são duas mulheres de 32 e 27 anos e um homem de 36. "A condição do rapaz é crítica", disse o assessor Brent Andrew à imprensa no local do ataque. "Uma mulher está em condição séria, e a outra, estável."

O jornal San Francisco Chronicle, citando a rede de TV NBC, identificou a autora como Nasim Aghdam. Segundo o diário, um carro registrado no nome dela foi rebocado do estacionamento do YouTube —a polícia de San Bruno não confirmou a informação até o momento.

Ainda segundo a publicação, Agdham reclamou em site pessoal do fato de a plataforma ter tirado do ar alguns de seus vídeos e de a empresa reduzir as receitas que Agdham entendia que lhe seriam devidas pelo tráfego em sua página no YouTube. 

O episódio aconteceu por volta das 12h40 (16h40 em Brasília). Assim que começaram a circular informações sobre os tiros na sede do YouTube, a polícia pediu que a população se mantivesse distante dali. O prédio foi esvaziado, e os funcionários e visitantes, revistados.

O YouTube é a maior plataforma de vídeos da internet e pertence ao Google, parte da Alphabet, uma das empresas mais valiosas do mundo.

Com cerca de 2.000 funcionários, o site é o maior empregador de San Bruno, cidade com população de 43 mil habitantes.

TESTEMUNHAS

O produtor Todd Sherman contou em uma sequência de publicações que estava em uma reunião quando ouviu os disparos e viu pessoas correndo. Uma pessoa disse a ele que os tiros vinham da entrada dos fundos da empresa.

Sherman relatou ter visto sangue pelas escadas e ter conseguido escapar pela porta da frente.

A polícia investiga o caso e afirmou que não há indícios por ora de que se trate de um ataque terrorista.

Nas redes sociais, o presidente Donald Trump escreveu agradecendo ao "fenomenal" trabalho dos policiais. "Nossos pensamentos e orações estão com todos os envolvidos", disse.

Tim Cook, presidente-executivo da Apple, cuja sede fica a 50 km do YouTube, também escreveu:

"De todo mundo da Apple, mandamos nossa compaixão e nosso apoio para a equipe do YouTube e do Google, especialmente às vítimas e a suas famílias."

PROTESTOS

O ataque a tiros no YouTube acontece menos de duas semanas após centenas de protestos tomarem conta do país em defesa de regras mais restritivas para o comércio e o porte de armas nos EUA.

Os eventos reuniram milhares de pessoas e foram convocados por sobreviventes de um ataque a uma escola de ensino médio em Parkland, na Flórida. Em fevereiro, 17 pessoas foram mortas e outras 17 ficaram feridas com os disparos feitos por um ex-estudante de 19 anos, preso no local.

Na Califórnia, em 2015, 14 pessoas foram mortas e 22 ficaram feridas após um casal abrir fogo no escritório de uma empresa em San Bernardino, sul do Estado. Os assassinos eram um casal de muçulmanos extremistas.

 
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