Senado confirma Pompeo como novo secretário de Estado dos EUA

O ex-deputado republicano, que comandava a CIA, teve 57 votos favoráveis e 42 contrários

O novo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante sua sabatina no Senado
O novo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante sua sabatina no Senado - Jacquelyn Martin - 12.abr.2018/Associated Press
Estelita Hass Carazzai
Washington

Os Estados Unidos têm, enfim, um novo secretário de Estado: o diretor da CIA, Mike Pompeo, foi confirmado no cargo nesta quinta (26), em votação no Senado.

O posto ficou vago por pouco mais de um mês, desde que o empresário Rex Tillerson se despediu do governo no final de março, após ser demitido pelo presidente Donald Trump.

Agora, o linha-dura Pompeo, 54, assume a condução da política externa americana com pauta cheia, em tempos de ataque à Síria, ruídos na relação com a Rússia, ameaça de guerra comercial com a China e às vésperas de um histórico encontro entre Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un.

A indicação de Pompeo foi confirmada por 57 a 42 votos, depois de uma batalha por sua aprovação na comissão de Relações Exteriores do Senado –que questionava sua habilidade para o cargo máximo da diplomacia americana.

O novo secretário, republicano, conservador e eleito deputado pelo Kansas, é considerado próximo de Trump e compartilha de suas visões sobre a “América em primeiro lugar”.

Pompeo é crítico ao acordo nuclear com o Irã, manifestou ceticismo em relação ao aquecimento global, defendeu a manutenção de presos por terrorismo em Guantánamo e apoiou medidas restritivas à imigração.

Para analistas, essa proximidade pode contribuir para elevar o status do Departamento de Estado, que vinha passando por um esvaziamento na gestão do republicano, com diminuição de orçamento e vacância de postos diplomáticos.

Por outro lado, críticos acusam Pompeo de falta de traquejo por ter feito comentários preconceituosos sobre muçulmanos e gays e relembram declarações em que ele defendeu intervenções militares mais incisivas dos EUA contra o Irã, por exemplo.

“Eu espero que ele vá mais adiante que seu antecessor. Mas, considerando o histórico, eu duvido”, afirmou Jessica Brandt, pesquisadora do Brookings Institution.

HISTÓRICO

Ao longo de seis anos no Congresso, Pompeo insinuou que líderes islâmicos estariam por trás do atentado ocorrido na Maratona de Boston, em 2013, e afirmou que eles eram cúmplices da violência terrorista –no que foi duramente criticado.

O republicano também apoiou uma lei que acabava com o acolhimento de refugiados pelos EUA, defendeu a pena de morte para Edward Snowden, que revelou práticas de espionagem do governo americano, e criticou o relatório do Senado que apontou o uso de tortura no interrogatório de terroristas pela CIA –embora tenha rejeitado a prática quando da sua nomeação para a agência.

Na sabatina a que foi submetido no Senado, o ex-diretor da CIA adotou um posicionamento mais moderado, ao defender uma saída negociada para as tensões no Oriente Médio e prometer recuperar o status da diplomacia americana. 

Ainda assim, sua indicação não conseguiu um amplo apoio bipartidário, como costuma ser a praxe no caso de secretários de Estado.

Dos 57 votos que recebeu, apenas 7 vieram de políticos democratas ou independentes. A Casa é formada por cem senadores.

“Eu estou tentando entender em qual Mike Pompeo eu terei que votar”, afirmou o democrata Bob Menendez, ao questionar o real comprometimento do secretário com o que ele afirmou na sabatina.

Trump comemorou a confirmação do Senado e disse que o novo secretário será “um incrível ativo para o país em um momento crítico da história”.

No fim de março, antes mesmo da sua confirmação para o posto, Pompeo viajou à Coreia do Norte e se reuniu com o ditador Kim Jong-un, no encontro de mais alto nível entre os dois países em 18 anos.

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