Suspeita de ataque ao YouTube era vegana e acusava empresa de discriminação  

Polícia identificou a iraniana Nasim Aghdam como a responsável pela ação que deixou 3 feridos

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São Paulo | Associated Press e Reuters

​A mulher suspeita de fazer um ataque a tiros na terça-feira (3) à sede do YouTube em San Bruno, no norte da Califórnia, se autodefinia como uma ativista vegana e dos direitos dos animais em seu perfil na própria plataforma de vídeos, onde mantinha quatro canais para defender suas ideias.

Ela foi identificada pelas autoridades como Nasim Najafi Aghdam, 39, e se suicidou após deixar três pessoas feridas durante o ataqueentre elas, um homem de 36 anos em estado grave. A polícia afirmou que ela era moradora de San Diego (cerca de 700 quilômetros ao sul de San Bruno). 

Segundo autoridades, Aghdam foi a um estande de tiros na terça-feira antes de ir ao escritório do YouTube, por onde entrou por uma garagem. Os investigadores não acreditam que ela tivesse alguém em particular como alvo.

Em sua conta no Instagram, escrita em persa, Nasim afirmava ter nascido em Urmiah, no Irã, mas dizia que não tinha planos de voltar a morar no país. "Creio estar fazendo um grande trabalho. Eu nunca me apaixonei e nunca me casei. Não tenho nem problemas físicos nem psicológicos", escreveu ela.

Em seu perfil no YouTube, ela dizia comandar um site chamado NasimeSabz.com, (brisa verde, em persa). Além dos direitos dos animais, seus vídeos também incluíam informações sobre a cultura persa e uma série de críticas ao site de vídeos.

"O YouTube filtra meus canais para impedir que eles consigam espectadores", disse ela em um dos seus vídeos. "Não há oportunidades iguais de crescimento no YouTube ou em qualquer site de compartilhamento de vídeo, seu canal só cresce se eles querem que isso aconteça".

Governos e grandes empresas também eram alvos de Nasim. "Fiquem alertas. Ditaduras existem em todos os países. Mas com diferentes táticas. Eles se importam apenas com ganhos no curto prazo e em atingir seus objetivos a qualquer preço, mesmo que tenham que enganar pessoas inocentes", disse ela. 

O YouTube tirou do ar todos as suas contas após o ataque. A empresa ainda não se manifestou sobre o assunto. 

O pai dela, Ismail Aghdam, disse a jornais locais que a filha odiava a plataforma de vídeos porque a empresa parou de pagar por seus vídeos.

Após ela sumir por dois dias e não atender o celular, Ismail ligou para a polícia na segunda (2) avisando que a filha estava desaparecida e que poderia se dirigir para o escritório do YouTube.

Policiais a encontraram na madrugada de terça dormindo em um carro em um estacionamento em Mountain View, cidade a 48 quilômetros de San Bruno e onde fica a sede do Google, dono do YouTube. Ela foi liberada após conversar com policiais. 

“Em nenhum momento durante nossa interação de cerca de 20 minutos ela mencionou algo sobre o YouTube, se estava aborrecida com eles, ou que que ela tinha planejado machucar a si própria ou a outros", afirmou nota da polícia de Mountain View divulgada em seu website. "Durante toda a comunicação, ela estava calma e cooperando." 

Depois da conversa, os agentes ligaram para a família de Nasim para dizer que ela havia sido encontrada. "Em nenhum momento o pai ou o irmão dela mencionaram alguma coisa sobre atos potenciais de violência ou a possibilidade de ela atacar como resultado de problemas com seus vídeos", disse ainda a nota. 

ATIRADORA

Apesar das críticas de Nasim ao YouTube, as autoridades disseram que ainda investigam qual o motivo exato do ataque. "Neste momento, não há evidências de que a agressora conhecia as vítimas desse ataque ou que indivíduos foram visados especificamente", disse a polícia em comunicado.

A identificação dela como suspeita chamou a atenção porque raramente mulheres são responsáveis por ataques a tiros. 

Segundo levantamento do FBI (a polícia federal americana), entre 160 ataques do tipo realizados no país entre 2000 e 2013, em apenas seis casos3,8% do total— o atirador era uma mulher.

Em todos os casos, elas usaram uma pistola e em cinco deles, o alvo eram colegas ou ex-colegas de trabalho.  

Nasim Najafi Aghdam, suspeita do ataque ao YouTube, em foto divulgada pela polícia de San Bruno
Nasim Najafi Aghdam, suspeita do ataque ao YouTube, em foto divulgada pela polícia de San Bruno - San Bruno Police Department/Reuters
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