Entre o escrutínio crescente da China e a necessidade de caminhar com as próprias pernas, Taiwan vem aumentando o número de delegações de estrangeiros que leva à ilha na tentativa de elevar o intercâmbio com o resto do mundo e atrair turistas.
A China usa o turismo como uma das principais formas de pressão sobre Taiwan. Entre 2015 e 2017, o número de visitantes chineses se reduziu em 1,27 milhão, consequência de cotas de turismo impostas por Pequim.
Essas limitações fizeram com que a participação chinesa no total de turistas de fora da ilha caísse de 53,23%, em 2015, para 39,9% em 2017.
A queda foi compensada com visitantes de outros países, em especial do Japão, o que manteve a ilha recebendo 10 milhões de pessoas por ano.
Os esforços de Taiwan em levar grupos de outros países à ilha tiveram um papel importante nessa equação.
“Quando o fluxo de turistas chineses começou a se reduzir, foi uma pressão tremenda. Mas os turistas de outros países equilibraram essa situação”, diz Marco Chan, ministro conselheiro para América Latina do Ministério de Relações Exteriores.
Somente neste ano, o plano é que 24 grupos de jornalistas estrangeiros conheçam o progresso tecnológico e os pontos turísticos taiwaneses.
Como hoje possui relações diplomáticas com apenas 20 países, o governo sempre usou visitas de delegações estrangeiras para fazer ouvir seu ponto de vista.
Mas a estratégia está sendo intensificada desde 2016, quando Tsai Ing-Wen, não alinhada com a China continental, foi eleita presidente.
As visitas são organizadas de forma a permitir que as delegações conheçam atrações famosas, como o edifício Taipei 101 (que até 2010 era o mais alto do mundo), empresas de tecnologia de ponta e até um hospital.
Também são organizadas entrevistas com autoridades que explicam aos visitantes a complexa e delicada relação da ilha com a China.
Pequim considera Taiwan como parte de seu território e a classifica como província rebelde. Através de pressões comerciais e diplomáticas, os chineses evitam que outros países reconheçam a ilha como nação independente.
A visita da qual a Folha participou ocorreu poucas semanas após a aprovação, nos EUA, de uma lei que autoriza viagem de altos funcionários americanos para a ilha.
“Tivemos uma melhora visível na nossa relação com os Estados Unidos”, disse a secretária-geral do Departamento de Relações Exteriores com a China continental, Li-Jane Lee. “E isso enfureceu a China. Apesar de tudo, eles querem evitar um conflito, e nós também.”
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.