Taiwan reforça campanha política para atrair estrangeiros

Pressionada pela China após eleição de presidente não aliada, em 2016, ilha estimula visitas

Turistas passam pelo templo Bao'An, construído em 1742, em Taipé, capital de Taiwan - Chris Stowers - 1º.abr.2018/AFP
Maeli Prado
Brasília

Entre o escrutínio crescente da China e a necessidade de caminhar com as próprias pernas, Taiwan vem aumentando o número de delegações de estrangeiros que leva à ilha na tentativa de elevar o intercâmbio com o resto do mundo e atrair turistas.

A China usa o turismo como uma das principais formas de pressão sobre Taiwan. Entre 2015 e 2017, o número de visitantes chineses se reduziu em 1,27 milhão, consequência de cotas de turismo impostas por Pequim. 

Essas limitações fizeram com que a participação chinesa no total de turistas de fora da ilha caísse de 53,23%, em 2015, para 39,9% em 2017.

A queda foi compensada com visitantes de outros países, em especial do Japão, o que manteve a ilha recebendo 10 milhões de pessoas por ano.

Os esforços de Taiwan em levar grupos de outros países à ilha tiveram um papel importante nessa equação.

“Quando o fluxo de turistas chineses começou a se reduzir, foi uma pressão tremenda. Mas os turistas de outros países equilibraram essa situação”, diz Marco Chan, ministro conselheiro para América Latina do Ministério de Relações Exteriores.

Somente neste ano, o plano é que 24 grupos de jornalistas estrangeiros conheçam o progresso tecnológico e os pontos turísticos taiwaneses.

Como hoje possui relações diplomáticas com apenas 20 países, o governo sempre usou visitas de delegações estrangeiras para fazer ouvir seu ponto de vista. 

Mas a estratégia está sendo intensificada desde 2016, quando Tsai Ing-Wen, não alinhada com a China continental, foi eleita presidente.

As visitas são organizadas de forma a permitir que as delegações conheçam atrações famosas, como o edifício Taipei 101 (que até 2010 era o mais alto do mundo), empresas de tecnologia de ponta e até um hospital.

Também são organizadas entrevistas com autoridades que explicam aos visitantes a complexa e delicada relação da ilha com a China.

Pequim considera Taiwan como parte de seu território e a classifica como província rebelde. Através de pressões comerciais e diplomáticas, os chineses evitam que outros países reconheçam a ilha como nação independente.

A visita da qual a Folha participou ocorreu poucas semanas após a aprovação, nos EUA, de uma lei que autoriza viagem de altos funcionários americanos para a ilha.

“Tivemos uma melhora visível na nossa relação com os Estados Unidos”, disse a secretária-geral do Departamento de Relações Exteriores com a China continental, Li-Jane Lee. “E isso enfureceu a China. Apesar de tudo, eles querem evitar um conflito, e nós também.”
 

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