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'Toronto é um farol de aceitação e seguiremos em frente após ataque'

Responsável por atropelamento nos tirou liberdade de caminhar ao sol, diz jornalista da cidade

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Homenagem aos dez mortos após ataque com van em Toronto, no Canadá
Homenagem aos dez mortos após ataque com van em Toronto, no Canadá - Zou Zheng/Xinhua
Vivian Vassos
Toronto

Uma van avançou sobre a calçada em um cruzamento movimentado em Toronto nesta terça-feira (24), matando 10 pessoas e ferindo 15.

Leia o depoimento à Folha da jornalista Vivian Vassos, que cresceu e mora na cidade, sobre o dia seguinte ao ataque.

 

Quando você vive na cidade mais pacífica, diversificada e inclusiva do mundo (ou pensa ser isso), você fica chocada, indignada, triste e confusa.

Sempre acreditamos que fôssemos uma cidade do mundo. Isto prova que não somos imunes às forças deste mundo, positivas ou negativas.

Esse rapaz, que tinha a vida inteira pela frente, mas estava irritado o suficiente para modificar a própria vida de maneira tão catastrófica e apagar permanentemente as vidas de pessoas inocentes em seu rastro.

Eu nasci aqui em Toronto. Cresci a cerca de 15 minutos de carro do local do crime. A primavera finalmente chegou à cidade, e fazia um dia glorioso de céu azul, o que levou muitas pessoas a sair para tomar o sol da mãe natureza.

Funcionários de escritórios, mães passeando com bebês, estudantes e idosos desfrutando sua caminhada diária, coisa que o longo inverno deste ano nos impediu. A liberdade de caminhar ao sol, pacificamente. E então acontece isto. Em uma fração de segundo esse homem irado e confuso também nos privou disso.

Tudo mudou. Mas nada mudou. Como cidade, como país e como comunidade global que acredita na paz, estamos unidos. No jogo de hóquei da Liga Nacional ontem à noite, os torcedores fizeram um momento de silêncio em pé em respeito pelos irmãos e irmãs que perdemos durante o dia, depois de chegarem ao estádio passando por segurança reforçada. O clima era solene, mas animado.

Nesta manhã, uma enxurrada de simpatia e força, um memorial improvisado já repleto de flores e mensagens aos que sofreram. E conforme os nomes das vítimas forem revelados haverá um novo suspiro coletivo, um momento de oração pelos que perdemos --os que nós e o mundo como um todo perdemos.

Nós nos reergueremos, afastaremos o medo, nos uniremos, lamentaremos como comunidade e seguiremos em frente, cuidando de nossas irmãs e irmãos nesta grande cidade, um verdadeiro farol de aceitação, inclusão e diversidade para o mundo. Nós seguiremos em frente juntos.

Vivian Vassos, jornalista e natural de Toronto, é editora executiva da revista Zoomer

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