Abbas pede desculpas por discurso considerado antissemita

Após críticas, presidente palestino diz que Holocausto foi o 'maior crime hediondo da história'

Jerusalém e Ramallah | AFP e Reuters

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, pediu desculpas nesta sexta-feira (4) após ser acusado de antissemitismo por um discurso no qual sugeriu que a perseguição histórica aos judeus europeus havia sido causada por sua própria conduta, e não por sua religião.

Abbas condenou o antissemitismo e chamou o Holocausto de "maior crime hediondo da história" em um comunicado divulgado por seu gabinete em Ramallah após uma reunião de quatro dias do Conselho Nacional Palestino (CNP).

O presidente palestino Mahmoud Abbas em Ramallah, na Cisjordânia
O presidente palestino Mahmoud Abbas em Ramallah, na Cisjordânia - Mohamad Torokman - 1º.mai.2018/Reuters

"Se pessoas foram ofendidas por minha declaração ante o CNP, especialmente pessoas de fé judaica, eu peço desculpas a elas. Gostaria de assegurar a todos que não foi minha intenção fazê-lo, e de reiterar meu total respeito à religião judaica, assim como a outras religiões monoteístas", disse a nota. 

Israel, Estados Unidos, vários países europeus e a ONU criticaram o líder palestino por sugerir que os assassinatos contra os judeus da Europa ao longo da história se deveram principalmente ao seu papel na sociedade, particularmente no setor bancário, e não tanto ao antissemitismo.

No discurso feito na segunda (30), Abbas disse que foi a função social da usura (empréstimo de dinheiro com juros) realizada por judeus o que causou animosidade contra eles na Europa.

Ele também retratou a criação de Israel como um projeto colonial europeu, dizendo que "a história nos diz que não há base para uma pátria judaica". Judeus europeus sofreram massacres "a cada 10 ou 15 anos em algum país desde o século 11 até o Holocausto", disse Abbas. 

Citando o que disse ser livros de autores judeus, ele acrescentou: "Eles dizem que o ódio contra judeus não era por causa de sua religião, mas por causa de sua função social. A questão que se espalhou contra os judeus pela Europa não foi por causa de sua religião, mas por causa da usura e dos bancos." 

Estas declarações tocaram um ponto muito sensível em Israel, em um momento que as relações entre Tel Aviv e o comando palestino se deterioraram.

Em resposta ao comunicado desta sexta, o ministro da Defesa de Israel, Avigdor ​Lieberman, disse que não aceita o pedido de desculpas do palestino, a quem chamou de "um desprezível negador do Holocausto".

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