Advogado diz ter 6 testemunhas contra ex-juiz acusado de agredir ex-mulher

Todos são antigos funcionários do casal, separado há 3 meses; Roberto Caldas nega agressões

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Roberto Caldas, ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que é acusado de violência física por sua ex-mulher
Roberto Caldas, ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que é acusado de violência física por sua ex-mulher - Andre Coelho/Folhapress
Brasília

O advogado Pedro Calmon afirmou já ter reunido pelo menos seis testemunhas de supostas agressões físicas e verbais cometidas por Roberto Caldas, ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, contra a ex-mulher Michella Pereira. Todas são ex-funcionários do casal, que se separou em fevereiro.

Em entrevista à Folha, o ex-juiz negou agressões físicas para além de “empurrões”, reconheceu xingamentos e duas relações extraconjugais com ex-funcionárias, mas afirmou que a ex-mulher preparou armadilhas para incriminá-lo.

Michella procurou nas últimas semanas a Delegacia de Atendimento à Mulher de Brasília relatando agressões físicas e verbais contínuas. Apresentou fotos e gravações em que é xingada por Caldas.

Em 2012, ele foi eleito para compor a corte sediada em San José, na Costa Rica. O advogado também integrou a Comissão de Ética Pública da Presidência da República de 2006 a 2012. Após o escândalo vir à tona, renunciou ao mandato e se afastou do escritório trabalhista em que atuava.

Segundo sua versão, o interesse de Michella é financeiro, já que o casal —que morava em casa construída a um custo de cerca de R$ 50 milhões, conforme Caldas— teria se casado em separação de bens.

Ele também acusa a ex-mulher de ser violenta, tendo batido em funcionárias e atirado óleo fervente sobre o corpo do ex-marido, o que teria atingido também a filha do casal.

O advogado de Michella afirma ter tido acesso a esse processo, iniciado há mais de 15 anos, e que sua cliente foi vítima nesse caso.

“Tenho todos os elementos que comprovam que ela foi a vítima de um fato traumático. Vou processá-lo [Caldas] por difamação e danos morais”, afirmou Pedro Calmon. “Em mais de 30 anos, nunca vi um caso tão documentado, que mostra uma psicopatia clara quanto ao senhor Caldas.”

Na entrevista à Folha, o ex-juiz da Corte Interamericana reconheceu ter tido relações com duas ex-funcionárias e ter se aproximado de uma terceira, mas negou assédio.

O ex-juiz afirma ainda nunca ter machucado a ex-companheira. “Nas gravações que ela junta, diz que tinha problema circulatório. Eu não me lembrava disso. Também eu observava que ela se machucava muito nos pés e nas pernas, porque ela dava muita topada.”

Ao afirmar que a ex-mulher é que era violenta, diz que ela chegou a agredir duas ex-funcionárias. “Tentou me agredir, mas eu a detinha. Era um ambiente extremamente doentio.” 

Além das relações extraconjugais, que ele disse terem ocorrido de parte a parte, o ex-juiz afirma se arrepender dos xingamentos.

“Estou procurando desculpar a mim próprio, é muito difícil. Nem tenho esse tipo de altercação com outra pessoa.”

A Justiça deve definir nos próximos dias as medidas restritivas que serão aplicadas a Caldas. Duas ex-funcionárias também registraram na Justiça queixa por assédio sexual. Segundo a defesa, Michella e ex-funcionárias pedirão ressarcimento por danos morais.

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