Descrição de chapéu estado islâmico terrorismo

Família suicida explode bombas em igrejas na Indonésia e provoca 11 mortes

Em intervalo de dez minutos, pai, mãe e filhos se dividem e atacam três locais e ferem 41 pessoas

Surabaya (Indonésia) | Reuters, AFP e Associated Press

Uma família promoveu três ataques, num intervalo de dez minutos, a igrejas na Indonésia neste domingo (13), em ato que deixou pelo menos 11 mortos e 41 pessoas feridas. 

As explosões nas igrejas (católica, protestante e pentecostal) da cidade de Surabaya, a segunda maior do país, foram o mais sangrento ataque a bomba desde os incidentes na véspera de Natal em 2000, quando 15 pessoas morreram e cerca de cem ficaram feridas. 

De acordo com o chefe de polícia nacional, Tito Karnavian, o pai (Dita Futrianto) explodiu um carro-bomba, dois filhos de 18 e 16 anos usaram uma motocicleta para atacar, e a mãe (Puji Kuswati), com suas duas filhas de 9 e 12 anos, usou explosivos presos aos corpos para o terceiro ataque.

Karnavian disse que a família tinha retornado da Síria para a Indonésia. E estava ligada ao movimento radical Yamaah Ansharut Daulah, que é ligado ao Estado Islâmico.

O grupo Estado Islâmico, poucas horas após os ataques, assumiu a responsabilidade.

O primeiro alvo, às 7h30 (horário local), foi a Igreja Católica de Santa Maria, quando os dois irmãos realizaram o ataque de moto. Puji Kuswati e as filhas detonaram explosivos na Igreja Cristã de Diponegoro e, por fim, Dita Futrianto acionou o carro-bomba na Igreja Pentecostal Central.

O porta-voz da polícia, Frans Barung Mangera, informou que até as meninas da família usavam explosivos na linha da cintura.

O presidente indonésio Joko Widodo foi até Surabaya, capital da província de Java Oriental. Ele disse que os ataques suicidas foram "bárbaros" e pediu que as investigações descubram os mandantes dos atentados. "Eu instrui a polícia a investigar e desmembrar a rede por trás dos ataques", afirmou.

O chefe de polícia local, David Triyo Prasojo, afirmou ainda que o esquadrão de bombas impediu a detonação de outra bomba na igreja de Diponegoro. 

Em Jacarta, capital da Indonésia, a Associação da Igreja da Indonésia condenou veementemente os ataques e pediu às pessoas que esperem as autoridades investigarem. "Estamos zangados com esses ataques, mas vamos deixar que as autoridades resolvam isso", disse Gormar Gultom, membro da associação.

Duas das maiores organizações muçulmanas da Indonésia, Nahdlatul Ulama e Muhammadiyah, também condenaram os ataques.

A polícia também informou ter matado quatro supostos militantes e prendido outros dois no início deste domingo em cidades de Java Ocidental, mas não informou se essas ocorrências estariam relacionadas com o ataque em Surabaya. Contudo os dois detidos integram outra rede, a  Jemaah Anshorut Daulah, que promoveu uma série de ataques na Indonésia desde 2016.

Ataque a bomba na Igreja Pentecostal Central, em Surabaya, na Indonésia
Ataque a bomba na Igreja Pentecostal Central, em Surabaya, na Indonésia - Antara Foto/Reuters

Rebelião

Indonésia tem realizado uma dura repressão contra militantes desde os atentados de radicais afiliados à Al Qaeda em Bali em 2002, que resultaram na morte de 202 pessoas --é o maior atentado na história do país. 

Contudo, nos últimos anos, o país tem enfrentado nova ameaça com a ascensão do grupo do Estado Islâmico no Oriente Médio e sua influência sobre redes militantes locais. Especialistas em redes militantes voltaram a alertar neste domingo que os cerca de 1.100 indonésios que viajaram para a Síria para se juntar ao EI se tornaram uma ameaça à Indonésia.

O uso de crianças na ação contra as igrejas provocaram uma onda de revolta e repulsa em todo o país e se soma ao drama da rebelião ocorrida nos últimos dias em um centro de detenção perto de Jacarta, quando seis oficiais e três detentos acabaram mortos --o Estado Islâmico também reivindicou a responsabilidade por esse incidente. 

Alvos neste domingo, os cristãos representam cerca de 9% dos 260 milhões de habitantes da Indonésia.

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